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Na arte e na vida, a diversidade é que faz a diferença

Para encerrar a série de entrevistas da Semana da Diversidade Cultural, o Observatório da Diversidade Cultural conversou com duas personalidades que atuam nos campos das Artes, Literatura e Sexualidade, para falar sobre a questão de gênero, etnia e memória.

Luiz Morando é pesquisador autônomo sobre memória das identidades LGBTQIA em Belo Horizonte. Tem graduação em Letras, mestrado em Literatura Brasileira e Doutorado em Literatura Comparada, tudo pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é professor no Centro Universitário Uni-BH e atua também no campo da Sociologia com os temas homoerotismo, teorias de gênero e sexualidade e representação de identidade.

 

Domingos Mazzili tem formação em Medicina e trabalhou como psquiatra até 2007, quando passou a dedicar-se exclusivamente às artes. Tem especialização em História da Arte (UFMG) e graduou-se em Artes Visuais na (UFMG) e em Artes Plásticas na Escola Guignard (UEMG). Dentre seus inúmeros trabalhos artísticos, destacam-se as exposições fotográficas das cerca de 20 personagens femininas às quais ele mesmo dá vida.

 

ODC – Por que é importante a manutenção da diversidade das expressões culturais?
Morando – É fundamental garantir a diversidade das expressões culturais porque a experiência de convivência humana só se estabelece de forma plena quando se reconhece a pluralidade. Legitimar e reconhecer a diversidade de expressões culturais fortalece a consciência de cidadania, a sensação de pertencimento a um Estado de direitos, a criação de laços de solidariedade, o respeito às diferenças de gênero e orientação sexual.

ODC – Por que é importante ser diferente?
Mazzili – Porque a diferença faz diferença! O mundo nos pede reinvenção a todo instante: o pensar diferente, o agir diferente. Só assim, deixaremos nossa marca – nossa diferença – nesta passagem pela vida.

ODC – Como a sociedade deve atuar para promover as diferenças?
Mazzili – É importante haver ações que permitam a inclusão do que é diferente do que está posto, do status-quo reinante. Ao elegermos algo como “ideal”, seja pela cor, pelo gênero, pela opção sexual, pela classe social, pela religião, pelo peso etc., descartamos tudo aquilo que foge à regra e, assim, nos tornamos intolerantes com o outro. Em tempo: a indiferença, assim como a intolerância, matam!

ODC – Por que precisamos de políticas públicas para a diversidade?
Morando – Porque cada segmento possui particularidades e especificidades que exigem um olhar pontual e singular. Portadores de necessidades especiais, negros, povos indígenas, mulheres, as pessoas LGBTQIA, populações de vida precarizada, entre outros, têm demandas específicas e sofrem processos de marginalização também particulares.

A necessidade dessas políticas públicas se torna ainda mais imprescindível quando se observam sobreposições desses segmentos – como a travesti negra e pobre ou a mulher indígena portadora de HIV. Essas sobreposições expõem brutalmente as diversas desigualdades e os entraves culturais caracterizados pelo racismo estrutural, pela LGBTfobia, pela xenofobia, pelo preconceito aos migrantes etc. Políticas públicas bem planejadas, que se tornem permanentes, construídas no diálogo entre as partes, de maneira conjunta, com fundo orçamentário regular e suficiente, certamente contribuirão para melhorar índices de desenvolvimento ligados à educação, saúde, participação política e construção de valores éticos no meio em que vivemos.

A drag Divine de Domingos Mazzili. Foto: Felipe Ferreira.

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