O dia 21 de maio é mundialmente comemorado como o Dia Internacional da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento. Essa data foi definida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2002, com o objetivo de celebrar duas questões que são absolutamente ligadas e complementares. Por um lado, o reconhecimento da diversidade das expressões culturais como o maior, mais complexo e surpreendente patrimônio da humanidade. Nessa dimensão a diversidade cultural expressa uma singularidade humana: sua inesgotável capacidade de produzir e atualizar, por meio de competências simbólicas e plásticas, sentidos e significados sobre todas as dimensões da vida. Por outro lado, a proposição de uma articulação estratégica: o reconhecimento de que essa riqueza cultural é central para um modelo de desenvolvimento ancorado no diálogo intercultural, de forma a se garantir a paz, a equidade social e a sustentabilidade.
A celebração de dias internacionais pelo sistema ONU é uma importante estratégia de sensibilização por meio do impacto midiático em cidadãos e cidadãs do mundo inteiro, além de representarem uma forma de pressão sobre os governos e Estados, a respeito de questões de importância e impacto mundial. Com isto, é possível ampliar o conhecimento sobre determinados problemas, e o compromisso com ações para a sua superação.
A título de informação, algumas das principais datas mundiais da ONU são:
Fonte: https://www.vercalendario.info/pt/evento/dias-mundiais-ano-calendario-2020.html
Tais datas, propostas por seus 193 Estados membros ou por órgãos e agências especiais do Sistema ONU (UNESCO, OIT, OMS etc), expressam não somente as áreas de atuação da instituição, mas temáticas que mais preocupam e desafiam as ações públicas. Servem também como uma espécie de termômetro dos interesses de engajamento social e institucional.
O 21 de maio de 2020 ficará inevitavelmente marcado pela Pandemia do COVID 19, que mata milhares de pessoas pelo mundo afora e desafia a todos para a tarefa de repensar e reinventar o modelo de desenvolvimento econômico. Ficará marcado também pela crise política que afeta as políticas públicas, os direitos e a cidadania no Brasil, com especial gravidade no campo da saúde pública e da cultura.
A etimologia da palavra comemoração empresta significados oportunos neste 21 de maio de 2020. De origem latina – commemorare significa trazer à memória, o recordar coletivo, o memorar com o outro. O que não pode ser esquecido neste dia?
Em primeiro lugar, que a diversidade cultural é essencialmente a construção política do exercício da equidade, ou seja, do direito de ser tratado como igual em suas diferenças. Em segundo lugar, que, como alertava o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, em 1952, o que está em risco é a própria capacidade das culturas continuarem produzindo diferenças. Em terceiro lugar, a atenção para o fato de que os processos de globalização e midiatização tornaram as diferenças culturais mais conhecidas e conectadas, mas igualmente as banalizou e submeteu à lógica mercantil. Por fim, que não há possibilidade de se promover a diversidade cultural como elemento constituinte do desenvolvimento sustentável, sem o enfrentamento aberto e radical da desigualdade social e econômica e sua articulação com a questão ambiental e educacional.
O diálogo intercultural para a paz e o desenvolvimento sustentável precisa ser fortalecido, ampliado e radicalizado, ao custo de se permanecer fechando os olhos para a perversa equação que une a criatividade à pobreza, a diversidade à desigualdade.
Este dia 21 de maio de 2020 representa menos a possibilidade de comemorar conquistas e mais o desafio de lembrarmos juntos dos efeitos devastadores da tirania dos governantes e da intolerância e irresponsabilidade social dos poderosos.
CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO – Boletim 101, nº 01/2024 Cultura Viva: 20 anos de uma política de base comunitária Período para submissão: 13 de março a 23 de junho de 2024 A Revista Boletim Observatório da Diversidade Cultural propõe, para sua 101ª edição, uma reflexão sobre a trajetória de 20 anos do Programa Cultura Viva […]
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