O Observatório da Diversidade Cultural entrevistou Stephanie Angélica Martins De Oliveira, mais conhecida como Teffy Angel, uma das gestoras da organização não governamental Lá da Favelinha. Integrante do grupo responsável pelo grande sucesso das ações desenvolvidas pela organização (@ladafavelinha) no Aglomerado da Serra em Belo Horizonte (MG), Teffy é uma artista plural. Iniciou sua carreira aos 14 anos como cantora e compositora lançando vários singles como Swing Envolvente, É Só Você e o mais recente Ladra. Esse ano lançou seu primeiro EP, Gata Preta. Atua também como DJ fazendo misturas de diferentes ritmos com foco na cultura periférica favelada. Além de gestora cultural e multiartista, Teffy está na reta final do curso de Publicidade e Propaganda na PUC Minas.
Para quem quiser conhecer seu trabalho autoral é só clicar aqui.
Observatório da Diversidade Cultural (ODC) – Como você, enquanto jovem, mulher e negra pensa a questão das conquistas do povo negro no Brasil?
Teffy – É uma resistência pra mim ter essas conquistas e conseguir manter essas conquistas até hoje, porque não foram conquistas fáceis. Elas são tão importantes que nos dão forças para ir atrás de outras conquistas.
ODC – Para a mulher negra, a luta por direitos e respeito parece ser em dobro, pois além da discriminação racial há a luta pela igualdade de gênero. Como você encara tais desafios?
Teffy – Eu sei que meu corpo por si só já é político, por ser uma mulher preta, favelada e sapatão, eu encaro a opressão através da música e da arte, provando que nós somos foda!!!
ODC – Em sua trajetória enquanto jovem, estudante e atuante na área artística e cultural, como a discriminação racial te afetou e às outras mulheres negras com quem trabalha?
Teffy – A área que a gente atua tem muito machismo e privilégio branco, a cena independente musical ainda é dominada pelos homens, então a gente não é tão visível quanto eles para produtoras e produtores de eventos, estúdios, gravadoras etc.
ODC – No campo artístico, a imagem da mulher é muito atrelada a sexualização de seu corpo. Sendo mulher, preta e artista, como você avalia o tratamento dirigido à mulher?
Teffy – Infelizmente é uma imagem muito pejorativa, um estereótipo. Infelizmente o que vende mais é a sexualização da mulher sendo cantada por homens, e não as próprias mulheres falando do quanto se acham lindas e sensuais.
ODC – Como você busca reivindicar a representatividade e o protagonismo da mulher negra por meio do seu trabalho artístico e cultural? Como a arte pode ajudar na construção de uma consciência negra?
Teffy – A arte ela traz voz para nós mulheres pretas, então eu uso dessa força através de letras mostrando todo nosso empoderamento. Cena é uma dessas letras. Integra o EP Gata Preta lançado este ano.
Quero grana, quero fama
Quero grana, quero fama
O bolso cheio de lobo é a meta
Tem onça tem peixe na treta
Protagonismo
Sei que difícil
Se quer viver disso
Se faz o seu vício
Anota a pendência
Nota consequência
Cê nota que errou
Quando perde a essência
O sem cor da o grito
É puta ou bandido
É Flow midiático
É close sofrido
Eu quero audiência
Vender minha aparência
Vai ter que alistar
Me bater continência
Minha cena do horizonte belo
Nalaje Briso nela
com vista pro meu céu de concreto
Janela de cinema
Já disse o meu falso poeta
Progresso é a sentença
Registros de uma lente nua
A lua me compensa
Eu vou seguir é as braba daqui
Ref das ref! As mina banca o dim é
Disposição pra botar cara aí
Aguenta aí
Quero grana, quero fama
Quero grana, quero fama
O bolso cheio de lobo é a meta
Tem onça tem peixe na treta
Se achou bom essa então caneta
Essa só faz quem tem xxx entenda
Braba de estado avançado
pensamento mercenário
Fazer nota de baralho
O cache vou trucar
É Braba de segunda a sexta
Pode olhar no calendário
Gustavo na minha adega
Um riesling eu vou tomar
Um brinde ao rei dessa favela
Vela pros que não aguenta
O lance é fogo nos racista
Pra te sepultar
Pronto eu já falei da cena
Vou voltar pros meus esquemas
Por que eu tô de olho nela
Grana pra ganhar
Quero grana, quero fama
Quero grana, quero fama
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