A juventude na perspectiva do protagonismo, transformação e desafio
Em comum, o sentimento de ser jovem, as práticas e ideias que movem a criação e renovam a idade. “Juventudes: protagonismos, transformações e desafios”, ocorrido no dia 8 e novembro, foi promovido pelo Plug Minas e ODC, contando com a presença da cientista social Áurea Freitas que já foi rapper e ativista do movimento Hip Hop de Belo Horizonte; do coordenador do Observatório da Juventude, Juarez Dayrell, e do vice-presidente da Associação Cultural Educativa Serra, Jansey Valdez. Eles participaram da mesa “Juventude, Juventudes”.
O seminário marcou o início do processo seletivo dos novos alunos do centro de formação profissional em 2012. A gerente executiva do Plug Minas, Adriana Barbosa, ressaltou a iniciativa como momento de pausa para a reflexão que retoma conceitos importantes que deram força à criação do Plug Minas. “Como não existe protagonismo sem voz e sem ação, não teria outra forma, sem trazer quem realiza pra conversar com a gente”, declarou.
O coordenador do ODC, José Márcio Barros, mediou o debate em torno da importância da participação dos jovens nos processos de organização e decisão de projetos que lhe digam respeito; a diversidade de manifestações da juventude no contexto das cidades contemporâneas e, como ponto de partida para tudo isso, os convidados reforçaram a importância de se compreender a juventude como uma palavra de significado plural que se traduza como diversidade de formas e expressões do que é ser jovem hoje.
Nesse sentido, Barros destacou a necessidade de se transformar a escuta para a juventude. “Botamos uma legenda que facilita nossa vida, mas mata o que o há de mais rico que é a sua diversidade”, disse. A cientista social com especialização em gênero e igualdade, Aurea Carolina de Freitas, abordou a questão de como um sistema de relações socioculturais, construção simbólica do masculino e feminino, ressaltando seu caráter social e suas relações com o poder. O sistema de gênero explica a baixa presença feminina na política, falta de apoio ao futebol feminino no “país do futebol” e a violência contra mulher, por exemplo. “Precisamente porque esse sistema é socialmente construído que pode ser transformado”, afirmou Aurea.
O professor da UFMG, Juarez Dayrel, caracterizou a juventude como momento de transformação que exige suportes materiais e simbólicos; em que são revistas questões e, por isso, “a construção social do jovem reflete produção social de sua época”, enfatizou. Já o vice-presidente da Associação Cultural da Serra, Jansen Valdez, defendeu a ideia de que a suposta existência de iniciativas suficientes, relacionadas à juventude, tem esvaziado os movimentos.
Experiências
A roda de conversas “Novas cenas juvenis: trajetórias e percursos” relatou práticas e experiências de vida relacionadas aos temas: Arte e criação (com o grafiteiro Pedro Ninja); Gênero (Hozienne Reis); Homofobia (Bianca de Sá); Participação comunitária (Simone Moura); Participação política e cultura (Charlene Duarte).
Ninja relacionou arte e posicionamento político. “Desde o dia em que acabei meu primeiro desenho na rua, decidi que queria ter aquela sensação, sentimento para sempre; que a minha vida iria ser construída em cima da arte. O grafite e a arte me fizeram enxergar com mais clareza a vida que eu tinha e que queria ter”, disse.
Hozienne contou que se descobriu como mulher no espaço de atuação coletiva. “Apesar de todas as contradições, o corpo feminino é capaz de construir mudanças sociais”, afirmou, lembrando que, no Brasil, a cada duas horas, uma mulher é espancada. A agressão simbólica foi lembrada através das formas de apropriação do corpo feminino pelo mercado. Hozienne é estudante de Artes Visuais da Escola de Belas Artes, produtora e realizadora audiovisual e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
A violência resultante da recusa da homossexualidade pelos pais foi destacada pela estudante de jornalismo e militante dos movimentos feminista e lésbico Bianca Sá que pontuou: “Homossexualidade não é opção, é orientação”. Já a estudante de Jornalismo e produtora do programa de rádio Conexão Periférica da emissora UFMG Educativa, Simone Moura, falou sobre mobilização frente às barreiras enfrentadas pelo jovem no contexto de participação comunitária: “A vontade do jovem de mostrar sua arte esbarra na vontade política dos gestores e no enquadramento de demandas, uma série de empecilhos que não possibilita a concretização do que o jovem quer mostrar”, disse, ao enfatizar ainda que “no incômodo começa a participação política”.
A moradora da comunidade Morro do Papagaio, militante LGBT, estudante de Publicidade e Propaganda e correspondente da AIC no projeto Rede Jovem de Cidadania, Charlene Duarte, falou sobre a atuação em duas frentes relacionadas: democratização da mídia e processo de criação da própria identidade. José Márcio Barros lembrou a cidade como lugar de realização da juventude. “Os depoimentos de vocês são de uma beleza que não é tão usual assim na sociedade”, finalizou o coordenador do ODC.
O encerramento do seminário ficou por conta de uma ação de graffiti colaborativo e vídeo perfomance “Argonautas no Tempo do Cólera”.
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