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Africano tuaregue conclui mestrado no Brasil sobre a música do Saara

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Mahfouz Ag. Adnane, de 30 anos, nasceu no Mali, região do Deserto do Saara, no Norte da África, e está no Brasil há dois anos para estudar. No fim de agosto ele defendeu sua tese de mestrado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) sobre o movimento musical nascido nos anos 60, como instrumento político, na comunidade tuaregue, a qual pertence. Segundo a PUC, Mahfouz é o primeiro tuaregue a defender o mestrado no Brasil.

Os tuaregues estão nas fronteiras entre os países Mali, Níger, Líbia, Argélia e Burkina Faso e lutam por sua independência desde os anos 60. Ao longo dos anos, depois da colonização francesa passaram por rebeliões e sofreram massacres.

Mahfouz é formado em história pela Universidade do Cairo, no Egito, e esteve no Brasil duas vezes antes de ser aprovado no mestrado. Ele veio aprender a língua portuguesa e fazer um estágio na Casa das Áfricas, um centro de pesquisa das sociedades africanas, localizado na Zona Oeste de São Paulo.

O estudante diz que a escolha pelo Brasil para o mestrado foi aleatória. Em uma de duas passagens pela Casa das Áfricas conheceu pessoas que o levaram até a sua orientadora, a professora Maria Antonieta Antonacci, do departamento de história da PUC-SP. “Procurava uma oportunidade e houve uma chance.” Agora ele voltará para o Cairo para um novo mestrado e cogita atuar como professor no futuro, até mesmo no Brasil. “Sou historiador e acho que posso ajudar no ensino da história e culturas africanas.”

A pesquisa de Mahfouz foi sobre o movimento ‘ichúmar’ (derivado da palavra chômeur, que significa desempregado em francês) nascido após a colonização francesa na região tuaregue durante os anos de 1980 até 2010. O movimento era composto por jovens que nasceram em aldeias tuaregue massacradas após conflitos e usavam a música para se comunicar e manifestar.

“Os grupos começaram a nascer, quando as autoridades descobriram foram censurados e passaram a gravar fitas cassetes com as músicas e distribuir nas aldeias tuaregs para chamar a atenção da sociedade e chamar os jovens para aderir à revolução.” Mahfouz diz que as músicas fizeram com que as pessoas se solidarizassem e conhecessem os problemas do mundo tuaregue, pois permitiu que os discursos ganhassem mais força e repercussão.

“Os grupos viraram estrelas e romperam as fronteiras coloniais. Falavam da questão dos refugiados e da nostalgia do deserto. Até hoje a música é engajada, faz política e fala da resistência, mas não é mais local, é internacional”, afirma.

A primeira banda tuaregue criada foi a Tinariwen (significa deserto) que cantava em tamacheque (dialeto dos tuaregues), mas atualmente possui músicas traduzidas para o francês e inglês. Hoje já possui seis álbuns lançados, uma das marcas são os clipes gravados no deserto. Em 2011, a banda ganhou o Grammy, o prêmio de mais prestígio da indústria musical, com álbum “Tassili”, eleito o melhor disco de world music.

Fonte: g1.globo.com

Imagem: Juvenal Pereira

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