No dia 27 de novembro, aconteceu, em várias casas portuguesas, um evento único, de solidariedade e conhecimento, que uniu duas famílias diferentes à mesma mesa. Mais de uma centena de famílias portuguesas abriu as portas de suas casas para almoçar com uma família imigrante ou refugiada para com elas partilhar culturas, conhecimentos e experiências de vida. ‘Família do Lado’, nome do projeto desenvolvido pelo Alto Comissariado para as Migrações, vai já na sua quinta edição, algo que a organização acredita que prova o “sucesso da mesma”.
“Apesar de inicialmente as pessoas terem algum receio de abrirem a porta da sua casa a pessoas que não conhecem, depois adoram a experiência, sentem-se mais ‘ricas’, querem participar no ano a seguir”, revela fonte da organização ao Notícias ao Minuto, fazendo saber que de ano para ano são sempre mais os interessados.
Uma ideia nascida pela mão de uma imigrante que fugia à guerra
A ideia nasceu em 2004 na República Checa, por Jelena Silajdzi, ela própria uma imigrante que fugira, com a sua família, da Bósnia e da guerra que pôs termo à Jugoslávia. A mulher sentiu na pele os desafios a que um imigrante é sujeito sobretudo numa sociedade fechada… e quis fazer algo.
O evento consiste em proporcionar ao outro um almoço convívio, “enquanto estratégia para a integração dos migrantes na sociedade portuguesa, ao mesmo tempo que contribui para a construção de uma imagem positiva em torno da interculturalidade e da diversidade cultural”.
Nas já quatro edições em que a iniciativa se desenvolveu, realizaram-se “cerca de 367 almoços, envolvendo 833 famílias, de 50 nacionalidades diferentes e nunca houve problemas, refere a organização, contando que “há sempre assunto e temas de conversa. As pessoas adoram falar da sua cultura, de partilhar a sua gastronomia, de conhecer novas pessoas”.
Iniciativa contribui hoje para uma sociedade mais justa e aberta
Inspirada pelo espírito de Natal que se aproxima, mais de 100 famílias repetem a iniciativa… que em muitos casos não fica por aqui.
“O ano passado após o almoço, cerca de 55% das famílias queriam manter a relação, sendo que 8% tinham já marcada uma nova data para um encontro e as restantes tencionavam marcar mas ainda em data a combinar. Do feedback que temos dos participantes que participam uma segunda vez na iniciativa, cerca de 75% afirmam que as famílias mantiveram algum tipo de contacto e relação”, conta fonte do Alto Comissariado para as Migrações, revelando também que “há histórias super interessantes”.
“O ano passado, houve famílias que após a participação na ‘Família do Lado’ passaram o Natal ou o Ano Novo juntas, porque gostaram tanto e, de outra forma, talvez passassem sozinhas. Há logo convites para casamentos, batizados, festas de aniversário. Há famílias que se oferecem para mostrar os monumentos do concelho à outra família, ou quando sabem de uma oportunidade de emprego indicam-na à outra família que tinha um elemento desempregado”, remata, mostrando que a ideia “contribui efetivamente para criar redes de solidariedade e de amizade e que contribui para uma sociedade mais justa e aberta”.
Fonte: Pais ao Minuto / Lisboa
Imagem: © iStock
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