Fonte: Uol
“Murat brinca de princesa. Alex tem duas mães e Sophie agora se chama Ben.” Esse e o título de uma cartilha de 140 páginas que começou a ser distribuída em todas as pré-escolas de Berlim, a capital da Alemanha, desde fim de fevereiro. Sirn, o título e esse mesmo e a brochura é dirigida a educadores de crianças entre 1 e 5 anos como propósito de combater a homofobia desde cedo.
A cartilha, feita em parceira como grupo “Queer Format”, tern mil exemplares e foi financiada pelo governo.
Berlim e uma das cidades mais “abertas” para questões de gênero do mundo. Drag Queens fazem propaganda de produtos em outdoors e uma campanha da companhia de transporte publico da cidade, a BVG, exibiu ano passado posteres de Drags e de urn casal gay vestido com roupas de couro se beijando. A propaganda na TV da empresa mostrava cenas do metro da cidade com uma música que dizia coisas como “homem beijando homem, para mim tudo bem”. Virou hit.
Segundo os criadores da cartilha, não existe motivo para não levar a conversa sobre diversidade para dentro das escolas de crianças pequenas, uma vez que isso já está espalhado por toda a cidade.
“Acho que criança tem que ser criança e para isso deve ser livre. Meu filho de 3anos estuda em um jardim de infância onde todas as fantasias, por exemplo, são escolhidas pelas crianças independentemente do gênero. E normal chegar lá e ver urn menino vestido de Branca de Neve. Se querem incentivar mais professores a darem essa liberdade para as crianças, acho ótimo”, diz a cineasta Thea Paoli, brasileira que mora em Berlim e e mãe de Nina, 6, e Tom, 3.
Nem todos encaram o assunto com tanta tranquilidade. A questão e polêmica, claro. Partidos como o CDU (Uniao Democrática Crista) e AFD (Alternativa para a Alemanha) foram completamente contra a distribuição por achar que ela introduzia o assunto cedo demais e podia “incentivar a pedofilia.” Não adiantou a pressão. Nenhum exemplar será, como eles pediram, recolhido.
Falar sobre questões de gênero e diversidade em escolas não é privilégio da Alemanha. Países como Austrália, Canadá e Suécia ensinam questões LGBTs nas escolas.
No Brasil, o assunto ainda encontra muita resistência. “As pessoas não entendem que sexualidade infantil não e sexo infantil”, diz a psicanalista Maura Carvalho, mãe de uma menina de 9 anos. Ela acredita que o assunto deve, sim, ser debatido em escolas.
“Nao acho cedo demais debater isso em pre-escolas. As crianças começam a formular teorias sexuais (de onde nasceram, de onde vieram etc.) tão logo começam a desenvolver o pensamento.”
Ela lembra que já existiram tentativas de desenvolver cartilhas “menos avançadas” no país, mas que, mesmo assim, as pessoas que as pensavam foram “profundamente atacadas”. “Esse e um assunto muito polêmico. Desde quando Freud publicou ensaios sabre a sexualidade infantil”, lembra.
A jornalista Carol Patrocínio, mãe de Lucca, 14, e de Chico,7, sabe disso por experiência própria. Chico gosta de usar saias e vestidos. A mãe abraçou a luta para que o filho não sofresse discriminação.
“Acho que uma educação anti-homofobia iria transformar a relação entre as crianças. Todas as escolas precisam lidar com a questão da violência, da agressividade. Ao mostrar que todas as pessoas são diferentes, esses problemas poderiam ser diminuídos de verdade”, acredita.
“Muitos conflitos acontecem por essa dificuldade de respeitar o outro, o diferente. Uma educação anti-LGBTfobia seria uma educação inclusiva de verdade”, acredita.
Mesmo sem a inclusão “formal” da pauta nas escolas, Carol conta ter tido experiências ricas de debate nas escolas dos seus filhos. “Algumas escolas já estão trabalhando para mudar uma cultura que e tao forte no Brasil. Professores estão mostrando como certos xingamentos não fazem sentido e formas de incluir todas as crianças. Nas escolas em que passei com os meus filhos sempre existiu espaço para o debate, para apontar possibilidades de caminhos e encontrar formas de que o ambiente da escolar fosse seguro para todas as crianças”, conta.
Mesmo assim, ela diz que ainda existe muito o que caminhar quando o assunto e “inclusão”. A palavra também e usada por Tuca, a mãe de dois alemães em idade escolar.”Fico feliz por meus filhos estarem em escolas inclusivas, em todos os sentidos.” Vale lembrar que os filhos dela estudam na Alemanha.
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