O fotógrafo Cyro Almeida conheceu os integrantes da Ocupação Dandara durante protesto realizado pelo grupo na Praça VII, nos primeiros anos do movimento iniciado em 2009. Diante do despejo iminente dos moradores do terreno ocupado, no bairro Ceu Azul, em 2011, decidiu deixar por um tempo as viagens pelo Brasil, para um período de imersão em Dandara, durante o qual realizou uma “documentação dessa história”, como sintetiza o fotógrafo.
O resultado foi a exposição “Dandara”, apresentada no Palácio das Artes em abril: uma seleção de 30 das 48 fotos do livro de mesmo nome. A mostra foi projetada com o professor e fotógrafo Tibério França que escolheu as fotos e escreveu os textos da exposição e do livro. Além das fotos, um vídeo mostra personagens fotografados e histórias do cotidiano da comunidade, uma produção em conjunto com Erick Leite e Hugo César Paiva, da produtora Mandarina Studio.
Nas fotos de Cyro, o cotidiano em uma ocupação irregular é mostrado na intimidade do gesto e expressão dos moradores. O fotógrafo viveu em diversas casas de Dandara durante dois meses. Ele conta que, depois do acolhimento dos primeiros moradores, os convites surgiam naturalmente. Mas, para que o olhar sobre a comunidade fosse construído a partir de suas vivências no espaço, decidiu seguir por conta própria: “Nessa época, eu já conhecia várias pessoas do Dandara, poderia ter ligado para alguma delas e ter marcado uma reunião, uma conversa pra me situar ou me apresentar o lugar. Eu procurei, radicalmente, não fazer isso, pra não chegar lá já com um viés de outra pessoa que já conhecesse”.
Nas fotos, Dandara está sempre em processo, a vida em construção: moradias, hábitos, auto-sustento do lugar – por meio de plantações – e a formação política dos moradores. Para o fotógrafo, a visibilidade conferida pela exposição das fotos e publicação do livro pode criar debates, fomentar discussões sobre a questão da terra no Brasil e assim gerar uma opinião favorável da sociedade. “Isso, a longo prazo, pode ser uma forma de pressionar o poder público por políticas públicas”, acredita Cyro.
Diversas mudanças ocorreram em Dandara depois do trabalho: as barracas de lonas deram lugar a casas construídas em terrenos divididos com metragens iguais. O projeto arquitetônico da ocupação foi desenvolvido de modo que as ruas da comunidade seguissem a lógica das ruas do bairro; assim, daqui a um tempo, Cyro prevê que a cidade incorpore Dandara. Outra mudança significativa no espaço foi a construção de muros que delimitaram as casas. “Acho que eles só estão reproduzindo algo que é da vida contemporânea. De alguma forma, esses muros altos dão a entender que são apropriações dos espaços”, observa.
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