Nesta entrevista concedida ao ODC, o professor da PUC Minas, Roberlei Panasiewicz, reflete sobre as implicações das práticas escolares na formação para a diversidade cultural, especificamente, quanto à pluralidade religiosa. “O respeito a si mesmo, ao outro e ao cosmos são fundamentais para emergir consciência e práticas éticas”, defende Panasiewicz, que compôs a mesa “Pluralismo religioso em tempos de diversidade cultural”, realizada durante o VI Seminário Diversidade Cultural. O evento aconteceu nos dias 19 e 20 de maio de 2011. Em sua sexta edição, integrou o Ano Interamericano da Cultura que celebrou a grande diversidade cultural das Américas, visando oportunizar o desenho e implementação de políticas públicas orientadas para o fortalecimento das indústrias locais e à promoção da cultura como ferramenta de inclusão e participação social.
ODC – Educação e pluralismo religioso: quais os principais empecilhos e diretrizes para se construir currículos e práticas escolares que, de fato, contemplem a diversidade cultural do país?
Roberlei Panasiewicz – O que dificulta a construção de novos currículos e novas práticas escolares é a visão pedagógica tradicional. Podemos dizer que a diversidade cultural “sempre” esteve presente em nosso mundo. Entretanto, nem sempre percebemos assim, pois estamos acostumados a ver o mundo somente a partir de nossa tradição cultural. É verdade que todo ponto de vista parte de um ponto, mas não podemos cair no etnocentrismo e nem considerar a nossa cultura (nosso ponto de vista) como sendo o melhor. É, simplesmente, nosso ponto de vista. Pontos de vista diferentes não significam que uns estejam certos e outros errados. Significa que são diferentes. A educação tem que levar a sério a diversidade cultural e, nesta, a presença do pluralismo religioso. Não temos uma orientação pedagógica e uma referência religiosa únicas. Estar aberto e ter posturas críticas são fundamentais para pensar novos currículos e novas práticas escolares.
ODC – Qual a importância dos processos educacionais no processo de formação do sujeito para o pluralismo religioso e em que medida esse processo contribui para o desenvolvimento social?
RP – A educação, particularmente a escolar, tem fundamental importância na formação do educando, pois possibilita a convivência com a pluralidade religiosa. A escola é um ambiente privilegiado para esta aprendizagem, pois coloca em relacionamento pessoas com compreensões e práticas religiosas diversas ou, mesmo, sem práticas religiosas. Dentre os desafios que rondam a educação, podemos pensar em dois grandes: educar para a tolerância e para a criatividade. Isto possibilita o educando formar-se para a liberdade e, mais, permite que a alteridade desponte. Aqui está a grande contribuição para o sujeito e para a sociedade. O respeito a si, ao outro e ao cosmos são fundamentais para emergir consciência e práticas éticas.
ODC – Quais medidas devem ser adotadas para que o ensino reflita o compromisso com a formação cidadã, visando o respeito e valorização do pluralismo religioso?
RP – A formação docente é essencial para que o ensino reflita um compromisso com a formação cidadã e valorize o pluralismo religioso, sobretudo, a defesa dos grupos minoritários. Neste sentido, não basta mudar o currículo, apesar de ser importante que seja sempre atualizado. É necessário que os professores participem da reelaboração destes currículos e sejam incentivados e capacitados para colocá-los em prática. As disciplinas têm que dar conta de seu conteúdo específico, estar abertas à realidade atual e apregoar o direito a diferença. Por exemplo, a história deve articular a consciência do passado e postura no presente, a biologia deve pensar a lógica interna da vida e seu compromisso com ela, a matemática deve habilitar o raciocínio para discernir a realidade e assim por diante.
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