Nos anos 70, a periferia brasileira importou dos EUA as batidas do funk. A música mudou ao longo dos anos, com a inserção de letras em português e mixagens com outros ritmos populares do Brasil e América latina. O funk tornou-se mediador da reunião entre jovens e adultos em rodas de dança, ou em bailes noturnos e, por isso, é considerado mais do que entretenimento pelos frequentadores, tornando-se uma manifestação social e expressão estética de autoafirmação, crítica social à exclusão da favela e produto cultural produzido por redes colaborativas de precariado produtivo, conforme defende em artigo sobre o assunto a professora Ivana Bentes.
Os bailes funk são as principais produções derivadas dessa nova indústria musical que especializou, forçadamente, a mão de obra local para atender a demanda. Cantores, dançarinos, produtores musicais, iluminadores, técnicos de som e montagem de palcos da favela transformaram em renda o trabalho cultural e sua tecnologia improvisada. O movimento cresceu, e o funk pôde descer para o asfalto. Mas só o funk, e não o baile. Com a internet, as músicas ganharam adeptos de classes mais altas e, novamente, as adaptações foram feitas de acordo com os gostos dos novos consumidores, letras vendáveis e ícones foram criados. Na favela, os bailes ainda acontecem com a população separada pelas distancias geográficas e sociais.
O fotógrafo francês Vincent Rosenblatt vive no Brasil há 12 anos e registrou mais de 400 bailes em quase 100 locais diferentes do Rio de Janeiro, retratando várias manifestações que a música provoca nos jovens da periferia. “Escutando funk você sente o pulso da sociedade e as relações entre gêneros, classes e raças”, afirmou em reportagem do site Catraca Livre.
Vincent aproximou-se das favelas do Rio durante seu projeto anterior, Olhares no Morro (2002-2008), quando percebeu a cultura do funk muito mais presente nesses espaços culturais do que qualquer outra atividade popular. O fotógrafo constatou ainda a produção cultural da periferia ameaçada pela pacificação e implantação das UPP’s:
“A política cultural ficou na mão da segurança pública e, ao invés de ajudar a juventude em sua plenitude, em ajudar a interagir a cultura da favela com a do asfalto (muita gente vinha curtir o baile), transformou a favela em reserva de mão de obra precarizada”, afirmou, ao destacar: “Muitos DJs, MCs e famílias ligadas ao funk passaram a viver no sufoco após a proibição de bailes”.
Assista também: Funk Rio (1994), documentário de Sérgio Goldenberg:
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