Cláudio Maranhão

NOTÍCIAS

O impacto da suspensão do Carnaval vai muito além dos negócios

Passada a pandemia, será preciso fazer a reconexão dessa identidade nacional. Não é só o dinheiro que move a folia.

Imagem capa: Cláudio Maranhão

REPRODUÇÃO: Carta Capital

Desfile da Escola de Samba de Itapuã, em Salvador. (Foto: Sidney Rocharte | Secult BA)

 

Fala-se muito do prejuízo ao turismo e ao comércio com o cancelamento do Carnaval. De fato, serão inestimáveis. Mas há outras enormes perdas, sociais e culturais, da suspensão da festa do Momo este ano.

O Carnaval é feito de escolas de samba, blocos, cordões e outros agrupamentos nas cidades brasileiras. A desmobilização enfrentada por eles na pandemia foi imensa.

Esses grupos envolvem milhares de pessoas, que passam o ano mantendo redes de sociabilidade, algo típico brasileiro propiciado pelo Carnaval.

Há um processo de práticas e encontros socioculturais em torno da festa que vai muito além do caráter econômico e a data de realização do Carnaval. As atividades envolvem produção e a criação artística e musical durante todo o ano.

O Carnaval é um grande promotor de atividades sociais e culturais de uma comunidade, de um bairro, de uma reunião de amigos, vizinhos e até de colegas de trabalho.

Muitas vezes, essas mobilizações independem da fonte de renda de seus membros. Muitos enfrentam adversidades para sobreviver. O poder público às vezes nem toma conhecimento delas.

Esses eventos e encontros regulares de uma massa de variados segmentos sociais enaltecem a cidadania, tiram cidadãos da invisibilidade, superam estigmas sociais, produzem valorização afetiva e aproximam pessoas de suas raízes.

Isso acontece no Rio de Janeiro, Olinda, São Paulo, Salvador, Nazaré da Mata (capital do maracatu rural), São Luiz do Paraitinga e onde mais acontecer o Carnaval.

É a experiência de um País fora das estruturais formais de convivência. E uma das riquezas socioculturais propiciadas pelo Carnaval. Passada a pandemia, será preciso fazer a reconexão dessa identidade nacional. Não é só o dinheiro que move a folia.

Augusto Diniz – Jornalista há 25 anos, com passagem em diversas editorias. Foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Deixe aqui o seu comentario

Todos os campos devem ser preenchidos. Seu e-mail não será publicado.

ACONTECE

Chamada para publicação – Boletim 101, N. 01/2024

CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO – Boletim 101, nº 01/2024 Cultura Viva: 20 anos de uma política de base comunitária  Período para submissão: 13 de março a 23 de junho de 2024   A Revista Boletim Observatório da Diversidade Cultural propõe, para sua 101ª edição, uma reflexão sobre a trajetória de 20 anos do Programa Cultura Viva […]

CURSOS E OFICINAS

Gestão Cultural para Lideranças Comunitárias – Online

O Observatório da Diversidade Cultural, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, patrocínio do Instituto Unimed, realiza o ciclo de formação GESTÃO CULTURAL PARA LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS. Período de realização: 10, 17 e 24 de outubro de 2024 Horário: Encontros online às quintas-feiras, de 19 às 21h00 Carga horária total: 6 […]

Mais cursos