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Entrevista com Juliano Peroza: a atualidade do pensamento de Paulo Freire

No ano de 2021 茅 celebrado o centen谩rio do nascimento do educador popular, fil贸sofo e professor universit谩rio Paulo Freire. O trabalho de Freire dialoga de forma permanente com os desafios da educa莽茫o e acende in煤meros debates ainda nos dias de hoje. Para pensar a atualidade do pensamento de Freire, o Observat贸rio da Diversidade Cultural conversou com Juliano Peroza, professor de Filosofia e 脡tica no Instituto Federal do Paran谩 (IFPR/Campus Irati).聽

Peroza 茅 formado em Filosofia pela Universidade S茫o Francisco (USF); Mestre e Doutor em Educa莽茫o pela Pontif铆cia Universidade Cat贸lica do Paran谩 (PUCPR). Autor da obra “Pedagogia do In茅dito Vi谩vel: o pensamento ut贸pico freiriano e a forma莽茫o de professores”. Tamb茅m produziu artigos e cap铆tulos de livros em que discute os pressupostos do pensamento de Paulo Freire em confronto com v谩rias tem谩ticas contempor芒neas.

Observat贸rio da Diversidade Cultural (ODC) – No centen谩rio de nascimento de Paulo Freire, como devemos pensar a atualidade de seu pensamento?

Juliano Peroza – Penso que as reflex玫es pol铆tico-pedag贸gicas de Freire s茫o elementares ainda hoje, tanto para tecermos considera莽玫es anal铆ticas sobre os mecanismos que perpetuam a opress茫o, quanto para prospectarmos quadros de resist锚ncia pol铆tica e cultural. A cada momento nos deparamos com manifesta莽玫es expl铆citas em defesa do autoritarismo, das m煤ltiplas formas de viol锚ncia, inclusive de g锚nero, de classe e de ra莽a, do preconceito, da intoler芒ncia, do desprezo da ci锚ncia, do descarte dos 鈥渆sfarrapados do mundo鈥 (termo utilizado por Freire na dedicat贸ria da sua obra Pedagogia do Oprimido). Est谩 mais do que n铆tida a configura莽茫o de uma tend锚ncia sociocultural que pretende naturalizar a opress茫o e faz com que o discurso de 贸dio se dissemine de maneira surpreendentemente assustadora. Quando vemos trabalhadores e desempregados [oprimidos] a reproduzir narrativas e a莽玫es que expressam a manuten莽茫o do abismo que os separa das classes dominantes, fica evidente aquilo que Freire chamava de 鈥渃omportamento prescrito鈥, quando a consci锚ncia do oprimido 茅 鈥渉ospedeira鈥 da mentalidade opressora.

Muitas categorias freirianas s茫o de grande atualidade para compreendermos o atual estado de 鈥渕itifica莽茫o鈥 e 鈥渟ectarismo鈥 que impera na sociedade contempor芒nea. Seu pensamento ainda 茅 um potente referencial humanista de 鈥渄en煤ncia鈥 das arbitrariedades e injusti莽as dos poderosos hodiernos, mas tamb茅m 茅 um pensamento provocativo, esperan莽oso, amoroso, que nos inspira o 鈥渁n煤ncio鈥 de outra realidade poss铆vel, a fim que possamos romper com toda e qualquer forma de determinismo ou fatalismo hist贸rico.

No entanto, pensar a atualidade do pensamento de Freire n茫o significa, meramente, reproduzi-lo ou aplic谩-lo em um determinado contexto. Pelo contr谩rio, atualiz谩-lo tem a ver com a capacidade de atendermos sua pr贸pria exig锚ncia para 鈥渞einvent谩-lo鈥, como ele costumava dizer: 鈥A 煤nica maneira que algu茅m tem de aplicar, no seu contexto, alguma das proposi莽玫es que fiz 茅 exatamente refazer-me, quer dizer, n茫o seguir-me. Para seguir-me, o fundamental 茅 n茫o me seguir鈥 (Por uma pedagogia da pergunta). Atualizar o pensamento de Freire pressup玫es que nos inspiremos em esp铆rito curioso, investigativo, cr铆tico, conectivo (ele dizia ter sido um menino conectivo em sua inf芒ncia), indignado, esperan莽oso, que n茫o admitia a indiferen莽a diante de qualquer forma de desumaniza莽茫o. Portanto, o 鈥渃omo pensar a atualidade鈥 de Freire depende muito do modo que cada um e cada uma vive a coer锚ncia de aproximar sua pr贸pria reflex茫o da a莽茫o, o pensamento da pr谩tica, a fim de que o discurso e a teoria se entrelacem num profundo compromisso 茅tico, est茅tico, pol铆tico e epistemol贸gico com, junto e a partir da situa莽茫o oprimida, para, num profundo exerc铆cio de liberdade, viabilizar a humaniza莽茫o dos desumanizados, ou aquilo que ele chamava de 鈥渧oca莽茫o ontol贸gica para ser mais鈥.

ODC – O mundo contempor芒neo tem nas intera莽玫es mediadas por dispositivos tecnol贸gicos e na cultura digital um de seus pilares. Em sua opini茫o, o pensamento de Paulo Freire nos ajuda a repensar a rela莽茫o entre cultura, educa莽茫o e tecnologias digitais?

Peroza – Realmente, os dispositivos tecnol贸gicos que proporcionam novas intera莽玫es sociais se apresentam como alguns dos principais desafios 脿 educa莽茫o libertadora. As empresas de tecnologia informacional, por meio das redes sociais, demonstraram sua enorme capacidade de manipula莽茫o das consci锚ncias, cuja capacidade t茅cnica para criar e orientar tend锚ncias comportamentais direcionadas para certos nichos de consumo nos deixa at么nitos. Os gurus do 鈥渂ig data鈥 mapeiam a cada minuto os nossos rastros virtuais, transformam isso em dados facilmente quantific谩veis pela intelig锚ncia artificial, e criam labirintos para individualizar sempre mais as consci锚ncias, dando-nos a sensa莽茫o de que isso 茅 a plenitude do reino da liberdade. Steve Banon, ide贸logo da extrema direita mundial, captou isso de maneira surpreendente e fez dos dispositivos tecnol贸gicos uma esp茅cie de m谩quina pol铆tica de destrui莽茫o da pr贸pria pol铆tica, uma vez que estimula os eleitores reacion谩rios a se utilizarem dos mecanismos democr谩ticos para elegerem seus pr贸prios representantes com a finalidade corroer as bases das institui莽玫es democr谩ticas. Por mais paradoxal que seja este racioc铆nio, ele demonstra o quanto a dissemina莽茫o de fake news, por exemplo, sedimentou um universo cultural paralelo, extremamente artificializado, claramente assumido pelo reacionarismo como 鈥済uerra cultural鈥, ou cruzada contra um suposto 鈥渆squerdismo鈥. Tudo isso, no meu entendimento, configura um sofisticado mecanismo daquilo que Freire chama, no 煤ltimo cap铆tulo da Pedagogia do Oprimido, como 鈥渢eoria da a莽茫o antidial贸gica鈥, cujas caracter铆sticas visam expressamente a conquista, a divis茫o para a manuten莽茫o da opress茫o, a manipula莽茫o e a invas茫o cultural. A consequ锚ncia imediata 茅 a (so)nega莽茫o do di谩logo, evidentemente expressa na 鈥渕emefica莽茫o鈥 das narrativas, na cultura do lacramento ou na repeti莽茫o cont铆nua de clich锚s e chav玫es de efeito.

Diante deste cen谩rio, acredito que as pr贸prias sugest玫es propostas por Freire em sua 鈥渢eoria da a莽茫o dial贸gica鈥 ainda expressas na Pedagogia do Oprimido, caracterizada pela 鈥渃olabora莽茫o, uni茫o, organiza莽茫o e s铆ntese cultural鈥, podem nos ajudar a repensar a rela莽茫o entre cultura, educa莽茫o e tecnologias digitais. Como educadores comprometidos com o processo de humaniza莽茫o devemos ter em mente que, por mais assombrosa que pare莽a esta m谩quina de coisifica莽茫o das consci锚ncias, ela tem uma fragilidade: meme n茫o enche a barriga, lacra莽茫o n茫o resolve os problemas de esgoto na favela, chav茫o religioso n茫o diminui os casos de espancamento das mulheres e viol锚ncias contra crian莽as. A educa莽茫o libertadora, neste sentido, precisa se aproximar da vida dos educandos, considerar e acolher seus dramas, sofrimentos e ang煤stias mais profundas. 鈥淧ensar com鈥, precisa antes passar pelo 鈥渟entir com鈥 (compaix茫o), 鈥渧iver com鈥 (conviver). Da铆 que a batalha contra a artificializa莽茫o cultural deve considerar a (re)corporifica莽茫o cultural, isto 茅, criar condi莽玫es de possibilidade para que os encontros e as rela莽玫es humanas sejam encharcados (para usar uma express茫o bem freiriana) de amorosidade e afetividade. Uma amorosidade comprometida com os problemas concretos da exist锚ncia, que se desdobra em solidariedade e fraternidade com os problemas alheios. A humaniza莽茫o das rela莽玫es 茅 o 煤nico ant铆doto contra a robotiza莽茫o da vida. Mais uma vez, reafirma-se a urg锚ncia de uma educa莽茫o cr铆tica, substancialmente pol铆tica, porqu锚 capaz de promover a conscientiza莽茫o.

ODC 鈥 Em seu artigo de 2012 voc锚 afirma que a experi锚ncia no ex铆lio estimulou suas reflex玫es sobre a diversidade cultural. Voc锚 poderia retomar essa quest茫o?

Peroza – Essa 茅 uma quest茫o interessante que me despertou muito a curiosidade na 茅poca em que escrevemos aquele artigo. A no莽茫o de 鈥渃ultura鈥 茅 elementar no pensamento freiriano. 脡 importante lembrar que as experi锚ncias de alfabetiza莽茫o aconteciam naquilo que ele denominou de 鈥渃铆rculo de cultura鈥, cuja inten莽茫o era se contrapor a 鈥渋nvas茫o cultural鈥 alienante. Nestes c铆rculos, educandos e educadores se encontravam numa esp茅cie de horizontalidade existencial. Ap贸s um longo processo de di谩logo e conviv锚ncia atenta com as pessoas da comunidade em que se daria a alfabetiza莽茫o, o educador, por meio das imagens (quadros pintados pelo artista Brennand) de situa莽玫es existenciais que refletiam a atividade daquelas pessoas, problematizava o conceito de cultura. Os trabalhadores deveriam perceber, em primeiro lugar, que eles eram fazedores de cultura, e que toda atividade humana transformadora da natureza, independentemente de sua poss铆vel configura莽茫o hier谩rquica 茅, tamb茅m, uma produ莽茫o cultural.

Este exerc铆cio provocava o alfabetizando a reconhecer que sua a莽茫o 茅 singular e fundamental na constru莽茫o do mundo. Tamb茅m servia para estimular que este reconhecesse sua import芒ncia no processo de constru莽茫o cultural, ao mesmo tempo em que sua 鈥渉umanidade鈥 茅 express茫o da cultura em que est谩 inserido. Pois bem, me parece que at茅 o ex铆lio seu intuito a respeito da no莽茫o de cultura se concentra numa concep莽茫o antropol贸gica de cultura como elemento pol铆tico-pedag贸gico para embasar seu m茅todo de alfabetiza莽茫o/conscientiza莽茫o.

A partir do ex铆lio percebemos que ele sente uma esp茅cie de 鈥渃hoque cultural鈥 e passa a se compreender naquilo que chama de 鈥渞ealidade de empr茅stimo鈥, um mundo que n茫o 茅 originalmente seu, mas que deve ser considerado como atual suporte da sua exist锚ncia. O professor Ernani Fiori afirma, mais ou menos assim na apresenta莽茫o da Pedagogia do Oprimido: Freire 鈥減ensa a exist锚ncia e existencia o pensamento鈥. Obviamente que o contexto do ex铆lio tamb茅m pode ter sido uma ocasi茫o prop铆cia para que ele refletisse com intensidade a condi莽茫o da diferen莽a cultural. Num di谩logo com Ant么nio Faundez (Por uma pedagogia da Pergunta) ele afirma o seguinte: 鈥淓sta primeira li莽茫o, a de que das culturas n茫o se pode simplesmente dizer que s茫o melhores ou piores, aprendi no Chile, quando comecei a experimentar, concretamente, as formas diferentes, at茅 de chamar o outro鈥. O ex铆lio proporcionou a Freire uma itiner芒ncia mundo afora e, consequentemente, o contato com os m煤ltiplos modos de ser configurados em diferentes express玫es culturais. Temas como 鈥渢oler芒ncia鈥, 鈥渕arcas culturais鈥, 鈥渄ebilidades culturais鈥 (este 煤ltimo utilizado pelo revolucion谩rio Am铆lcar Cabral para se referir aos costumes se tornam obst谩culos para conscientiza莽茫o) passam a ser mais recorrentes em seus escritos e falas deste per铆odo, uma vez que demonstram a tentativa de contemporizar a radicalidade do seu pensamento pol铆tico-pedag贸gico em contextos fortemente marcados pela pluralidade cultural.

ODC 鈥 Como educador e pesquisador na 谩rea da educa莽茫o, como voc锚, inspirado em Paulo Freire, afirmaria a import芒ncia da prote莽茫o e promo莽茫o da diversidade cultural?

Peroza – Uma das quest玫es que mais me inquieta (existencial e epistemologicamente) 茅 o problema do etnocentrismo, quando grupos sociais se percebem culturalmente superiores em rela莽茫o aos demais. Aqueles que apontam o dedo para os 鈥渙utros perif茅ricos鈥 constroem barreiras para impermeabilizar o contato com o que julgam ser uma 鈥渁mea莽a鈥. O etnocentrismo cria uma esp茅cie de 鈥渕icro apartheids鈥 dentro de um mesmo territ贸rio, o que inviabiliza a comunh茫o e nos torna humanamente mais pobres. Quando algu茅m se fecha exclusivamente em seu universo cultural, admite que tem diante de si todos os elementos para constituir-se humanamente. Julga-se, praticamente, um ser acabado e completo, pois s贸 tem na 鈥渋gualdade鈥 a exclusividade do reflexo que quer para si.

Um dos grandes ensinamentos antropol贸gicos que Freire repete com insist锚ncia em seus livros e falas 茅 de que n贸s somos seres inacabados e incompletos, e que a consci锚ncia deste inacabamento 茅 o que confere sentido 脿 nossa presen莽a hist贸rica no mundo. A educa莽茫o, portanto, torna-se uma tarefa relacional de n贸s para conosco mesmos, mediados pelo mundo. A problematiza莽茫o do nosso pr贸prio ser 鈥渘o鈥, e 鈥渃om鈥 o mundo, possibilita que construamos nosso 鈥渄evir鈥 num cont铆nuo processo de abertura consciente em dire莽茫o ao futuro. Da铆 que a educa莽茫o seja tamb茅m uma tarefa eminentemente pol铆tica, uma vez que a pol铆tica 茅 a esfera por excel锚ncia em que se estabelecem nossas rela莽玫es mais profundas. Uma educa莽茫o 鈥渘eutra鈥 abstrai a humanidade das circunst芒ncias hist贸ricas, 鈥渆ssencializa鈥 as diferen莽as e apenas contribui para refor莽ar preconceitos j谩 constitu铆dos.

A educa莽茫o libertadora pressup玫e que uma aut锚ntica humaniza莽茫o s贸 se viabiliza quanto nossas rela莽玫es sociais se estabelecem em condi莽玫es m铆nimas da horizontalidade, condi莽茫o indispens谩vel para que se exercite a reciprocidade do respeito e da toler芒ncia frente 脿s diferen莽as.

A perspectiva dial贸gica freiriana compreende a diversidade como oportunidade para nos completarmos humanamente, uma vez que o desafio da intera莽茫o com as diferen莽as s贸 tem a contribuir para uma aut锚ntica troca de sentidos. Tem uma frase do soci贸logo portugu锚s, Boaventura de Sousa Santos que expressa muito bem o sentido que Freire d谩 脿 promo莽茫o e prote莽茫o da diversidade cultural: 鈥淭emos o direito de ser iguais quando a nossa diferen莽a nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Da铆 a necessidade de uma igualdade que reconhe莽a as diferen莽as e de uma diferen莽a que n茫o produza, alimente ou reproduza as desigualdades鈥.

Promover e proteger a diversidade e a multiplicidade cultural n茫o significa absolutizar os tra莽os culturais como se estes fossem est谩ticos ou imut谩veis. Freire diria que a cultura 茅 hist贸rica e, consequentemente, mut谩vel, dialeticamente din芒mica. A educa莽茫o libertadora torna-se um cont铆nuo exerc铆cio de valoriza莽茫o das diversidades culturais como estrat茅gia de respeito com as diferen莽as, todavia, busca sempre ampliar o entendimento de que se precisa cultivar a unidade na pluralidade, buscar o consenso naquilo que 茅 fundamental, apesar de todas as contrariedades.

ODC 鈥 Em sua opini茫o, as comemora莽玫es do centen谩rio conseguir茫o recolocar sua obra no devido lugar de reconhecimento entre n贸s brasileiros?

Peroza – A princ铆pio, me parece que as in煤meras comemora莽玫es por ocasi茫o do centen谩rio de Freire simbolizam a celebra莽茫o da exist锚ncia deste fabuloso educador preocupado com a vida, e vida em abund芒ncia. Tenho acompanhado pelas redes sociais, semanalmente, dezenas de lives, palestras, shows, eventos, simp贸sios, dossi锚s, livros, enfim, para usar outra express茫o tipicamente freiriana, uma 鈥渂oniteza鈥 irradiante que faz jus ao que ele representa como um dos pioneiros da educa莽茫o popular.

Dito isto, temos que refletir sobre o que significa 鈥渞ecolocar鈥 sua obra no devido lugar. Esta quest茫o 茅 interessante para que analisemos se, de fato, sua obra e pensamento realmente ocuparam algum lugar, efetivamente, no cen谩rio nacional.

Muito se tem especulado pelo reacionarismo, o qual credita 脿 Freire a responsabilidade pela m谩 qualidade da educa莽茫o nacional. Acusam-no de estar, supostamente, nas entranhas das pol铆ticas e concep莽玫es educacionais. Ora, esse argumento n茫o passa de uma obscenidade falaciosa, conspiracionismo hip贸crita, ret贸rica de botequim. O que impera no cen谩rio educacional brasileiro ainda 茅 o m茅todo tradicional, ementas prontas, 鈥渃onteudismo鈥 retalhado de fra莽玫es te贸ricas amontoados em livros e cursos apostilados, ou seja, tudo aquilo que Freire sempre denunciou naquilo que ele chamava de 鈥渆duca莽茫o banc谩ria鈥, deposit谩ria. As licenciaturas chamam de forma莽茫o um dep贸sito de receitu谩rios te贸ricos nos futuros professores que, por sua vez, (re)depositam nos educandos 脿 sua maneira. Freire, pelo contr谩rio, propunha uma educa莽茫o problematizadora, criticamente reflexiva, que capacitasse o educador e a educadora a teorizarem sua pr谩tica para atingirem um grau de autonomia intelectual na rela莽茫o com seus educandos e educandas.

As celebra莽玫es expressam, de modo geral, uma pluralidade de vozes que n茫o se intimidam com amea莽as autorit谩rias e assumem a defesa do seu legado intelectual, mas n茫o podemos ser ing锚nuos que bonitas a莽玫es celebrativas provoquem, necessariamente, efeitos pr谩ticos no sentido orientar posicionamentos pol铆ticos e atitudes comprometidas com a liberta莽茫o humana. Se quisermos (re)colocar Freire no seu devido lugar devemos voltar ao in铆cio da d茅cada de 1960, em que o seu 鈥渕茅todo鈥 de alfabetiza莽茫o promovia uma ampla mobiliza莽茫o e participa莽茫o popular que dava voz aos silenciados, despertava a consci锚ncia cidad茫 e os inseria no centro da vida p煤blica.

Para conhecer mais o trabalho de Paulo Freire, acesse:

  1. Centen谩rio Paulo Freire UEMG聽
  2. Contribui莽茫o do pensamento de Paulo Freire para o paradigma curricular cr铆tico-emancipat贸rio
  3. A educa莽茫o em paulo freire como processo de Humaniza莽茫o
  4. Paulo freire: import芒ncia e atualidade de sua obra
  5. PauloFreire, 100 anos: o que voc锚 sabe sobre suas ideias?
  6. A rela莽茫o da pedagogia da autonomia de Paulo Freire com a pr谩tica docente no contexto educacional

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