Lançado em junho deste ano, o e-book “Políticas Culturais: Conjunturas e Territorialidades” debate sobre o papel dos Observatórios, que atuam na área da cultura, e suas contribuições para a compreensão das políticas culturais contemporâneas.
Esta edição contém parte das comemorações reflexivas de uma década de existência do Observatório Itaú Cultural.
Originados a partir das apresentações realizadas nos VI e VII Seminário Internacional de Políticas Culturais, ocorridos nos anos de 2015 e 2016, os artigos que compõem o e-book foram organizados da seguinte forma: na primeira parte, são abordadas discussões tanto sobre as áreas mais específicas da produção cultural, quanto focadas em regiões particulares, “como é o caso da situação brasileira, ou ainda sobre fatores mais universais, como o fazer dos gestores culturais e o próprio lugar da cultura na discussão intelectual contemporânea” (CALABRE; REBELLO, 2017, p.6).
Já o artigo “O Observatório da Diversidade Cultural: Percurso e Desafios”, de autoria do coordenador do ODC, José Márcio Barros, conta a trajetória dos doze anos da ONG – e, mais recentemente, também instituído Grupo de Pesquisas (CNPq) contextualizando seu papel e os desafios enfrentados junto ao meio cultural. De acordo com Barros (2017):
O ODC tem em sua origem a criação e a implementação, em Minas Gerais, de um programa de formação na área cultural chamado Pensar e Agir com a Cultura, cujo objetivo foi e continua sendo o de capacitar seus participantes na relação entre desenvolvimento e gestão cultural. O programa é fruto da efervescência que a ruptura epistêmica, estética e política da gestão de Gilberto Gil à frente do Ministério da Cultura dissipou pelo país a partir de 2003. Inicialmente, Pensar e Agir com a Cultura era um projeto viabilizado por meio da renúncia fiscal estatal e do fomento da extinta Telemig Celular, e sempre buscou oferecer, para além das técnicas de formatação de trabalhos, uma sólida formação conceitual e conjuntural, capaz de dar sentido e emoldurar os projetos dos alunos participantes e em busca de patrocínios. […] Outra base fundacional (do ODC) foi a realização de um projeto de extensão acadêmica, criado junto ao corpo discente do curso de ciências sociais da PUC/Minas. Durante dois anos, os alunos do curso puderam experimentar a realização de diálogos interculturais com indivíduos e grupos convidados ao convívio e à interação no espaço acadêmico. Por meio de aulas dialogadas e oficinas, jovens estudantes e integrantes de ações culturais com preocupações identitárias e de inclusão estabeleciam trocas de informações e reflexões. Fica evidente, portanto, que as bases que deram existência ao ODC sempre estiveram ancoradas na articulação entre informação, conhecimento e formação. (Ibid., p.97).
O texto também destaca os desafios encontrados no contexto de atuação da diversidade cultural no Brasil – no caso específico dos observatórios, os principais desafios estão ligados aos financiamentos e aos fomentos de forma contínua. Outro desafio apontado diz respeito à comunicação entre os observatórios e com o público, a fim de garantir o acesso às informações e a expansão de suas atividades.
Atualmente, o Observatório da Diversidade Cultural configura-se em duas frentes complementares. A primeira está ligada a sua atuação enquanto organização não-governamental, que desenvolve programas de ação colaborativa entre gestores culturais, artistas, arte-educadores, agentes culturais e pesquisadores. A segunda é constituída por um grupo de pesquisa formado por uma rede de pesquisadores que desenvolve seus estudos em várias instituições de ensino superior (PUC-Minas, UEMG, UFBA, UFRB e USP), investigando a temática da diversidade cultural em diferentes linhas de pesquisa.
Em doze anos de história, o ODC produz informação e conhecimento e gera experiências e experimentações, atuando sempre a favor da proteção e da promoção da diversidade cultural. Dessa forma, busca incentivar e realizar pesquisas acadêmicas, construir competências pedagógicas, culturais e gerenciais, além de proporcionar experiências de mediação no campo da Diversidade Cultural – entendida como elemento estruturante de identidades coletivas abertas ao diálogo e respeito mútuos.
Referências:
BARROS, José Márcio. O Observatório da Diversidade Cultural: percurso e desafios. In: Políticas Culturais: Conjunturas e Territorialidades [recurso eletrônico], Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa; São Paulo: Itaú Cultural, 2017.
CALABRE, Lia; REBELLO, Deborah. (Org.). Conjunturas e Territorialidades [recurso eletrônico], Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa; São Paulo: Itaú Cultural, 2017.
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