A diversidade para o campo de estratégias de superação das desigualdades foi o tema da aula proferida pelo pesquisador José Marcio de Barros, em aula realizada na UFBA, na última sexta-feira (12).
As políticas culturais pensadas a partir da diversidade cultural e como mecanismo de auto-reconhecimento e conhecimento do outro é uma das linhas de pensamento do professor doutor em Comunicação e Cultura, José Márcio de Barros, da Universidade Católica (PUC-Minas) e da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), que ministrou uma aula promovida pelo Grupo de Pesquisa: Circuitos culturais, memória e narrativas do pertencimento: território e identidade na contemporaneidade, no âmbito do Ciclo de palestras Patrimônio, Memória e Políticas Públicas.
A aula também foi promovida pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade (PosCultura), da Universidade Federal da Bahia e aconteceu na última sexta-feira (12), sob a coordenação do professor doutor José Roberto Severino (Facom – UFBA).
De acordo com Barros, a cultura vem sendo compreendida a partir da tensão entre a mudança e a permanência, contudo, ele acredita que o que precisa ser estudado e problematizado é como as manifestações, tidas como tradicionais, sobrevivem a esse novo quadro das sociedades contemporâneas. A partir daí é possível compreender elementos importantes para os estudos culturais: a diferença (realidade antropológica); diversidade (resultado das interações e trocas); e pluralidades (construção política da equidade).
Barros, em seus estudos no Observatório da diversidade Cultural, trabalha ainda com a formação de gestores culturais, capacitando-os, nesse sentido, “a pensar a diversidade cultural”. “Gestão cultural não é um termo singular, já que não existem padrões universais de planejamento e gestão da cultura, precisamos ter modelos de gestão cultural que são dados pela singularidade”, complementa.
Com relação ao diálogo entre direito à cultura e a diversidade para o esclarecimento da sociedade, o professor acredita que “a produção do conhecimento é fundamental dentro de uma sociedade, especialmente, para que essa sociedade construa um acervo crítico sobre si e sobre os outros. Barros ressalta, porém, que esse conhecimento produzido no âmbito acadêmico não é suficiente para produzir as mudanças sociais. Eles são importantes, necessários, estratégicos, mas não suficientes para mudar o comportamento das pessoas”, afirmou Barros.
Ainda segundo ele, para que a interação entre esses elementos ocorram é necessário dois movimentos: “pluralizar os modelos de pesquisas, permitindo que, além das pesquisas acadêmicas, incentivem-se as pesquisas não acadêmicas comunitárias, esses modelos mais livres e mais colaborativos de fazer pesquisa; e, por outro lado, sem assegurar o direito de acesso aos bens culturais e aos serviços culturais não adianta, pois as pessoas não vão perceber a falta que a cultura faz na vida delas”, conclui.
Quando o assunto é a formação de profissionais de comunicação, Barros aponta a importância da realização de projetos com as faculdades de comunicação na intenção de incorporar a diversidade cultural como um campo de estudo importante nas grades curriculares. Entretanto, o professor destaca que essa é uma questão complexa: “O ensino da graduação tem diretrizes que são gerais, regulam o ensino da comunicação e seus vários campos e exigem que os cursos dialoguem com seus contextos, em geral, mas, como cada universidade traduz isso – as relações com uma realidade imediata – depende de cada universidade. Tem universidades que são mais competentes nesse diálogo com a realidade local imediata”.
Para Barros, as experiências apresentadas contêm singularidades que o campo da legislação e da formação deverão cada vez mais levar em conta. “Porém, a maioria tem os cursos de antropologia, sociologia que ajudam nessa visão, mas não garantem, pois toda vez que a formação de comunicação é vista como um atendimento às demandas do mercado, como se a comunicação fosse um campo de preparação técnica para atuar no mercado, aí a questão de diversidade é prejudicada”, finaliza.
Para conhecer mais sobre os estudos do professor e ter acessos aos artigos acadêmicos basta acessar a página do Observatório da diversidade Cultural.
Fonte: Agência de Notícias em C,T&I
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