Depois do cancelamento da exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, no Santander Cultural de Porto Alegre, uma nova onda se move pela internet, mas desta vez, para a reabertura da mostra. Foi iniciado uma abaixo-assinado virtual no site Change.org como forma de pressionar a instituição a retornar com as obras e, dessa forma, reparar o desserviço à sociedade feito pela empresa ao encerrar a exposição.
Entenda o caso
Depois de receber diversas reclamações sobre o conteúdo das obras apresentadas na mostra de curadoria de Gaudêncio Fidelis e que reunia obras de 85 artistas sobre a questão LGBT, o Santander Cultural encerrou a exposição antes do previsto. Os acusadores – entre eles o MBL e o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) – alegam que as obras faziam apologia à zoofilia, pedofilia e havia blasfêmia contra símbolos religiosos. A movimentação intolerante à diversidade tomou as redes sociais e milhares de pessoas começaram desclassificar a página do centro cultural na Facebook.
Repercussão
A mostra ficaria em cartaz até o dia 8 de outubro e, além dos abaixo-assinado para seu retorno, gerou indignação. “A arte é o melhor lugar para debater. Eu vejo como preocupante esse tipo de movimento que impulsiona esse tipo de intransigência com o debate. Essas ideias de intolerância são incompatíveis com a arte. É uma censura”, afirmou ao El País o ex-presidente da Fundação Nacional de Artes e atual diretor executivo do Inhotim, Antonio Grassi.
O crítico de arte e antigo curador da Bienal de Artes de São Paulo Moacir dos Anjos também se posicionou pelo Facebook. “”Rumo ao passado. E que vergonhosa a nota do Santander, querendo justificar, valendo-se de hipócrita retórica corporativa, o ato de censura que cometeu. Viva a diversidade!”.
Ao jornal O Globo o curador alegou: “Já fiz duas bienais do Mercosul, nunca tinha visto algo parecido. As manifestações foram muito organizadas e se debruçaram sobre algumas obras muito específicas, que não dão a verdadeira dimensão da exposição. Esses grupos [de críticos] mostraram uma rapidez em distorcer o conteúdo, que não é ofensivo”.
A manifestação a favor do encerramento da exposição mostra a intolerância em relação a diversidade sexual e de gênero, além de esbarrar em questões fundamentais democráticas, como a liberdade de expressão que, nesse caso, vale ressaltar, está alinhada a interesses de um grupo minoritário que sofre diariamente as consequências de existir em um mundo hostil ao seu modo de vida e tem na arte um meio de ver expressa contornos de sua existência.
Todos os campos devem ser preenchidos. Seu e-mail não será publicado.
CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO – Boletim 101, nº 01/2024 Cultura Viva: 20 anos de uma política de base comunitária Período para submissão: 13 de março a 23 de junho de 2024 A Revista Boletim Observatório da Diversidade Cultural propõe, para sua 101ª edição, uma reflexão sobre a trajetória de 20 anos do Programa Cultura Viva […]
O Observatório da Diversidade Cultural, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, patrocínio do Instituto Unimed, realiza o ciclo de formação GESTÃO CULTURAL PARA LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS. Período de realização: 10, 17 e 24 de outubro de 2024 Horário: Encontros online às quintas-feiras, de 19 às 21h00 Carga horária total: 6 […]
*Adorei a iniciativa.