Mais de 147 milhões de eleitores e eleitoras brasileiras estão aptas a votar em 7 de outubro deste ano para a escolha de candidatos e candidatas à Presidência da República, Senado, Câmara dos Deputados, governos estaduais e distrital, assembleias e câmaras legislativas.
A maior parte do eleitorado continua a ser formado por mulheres: 52,5%, totalizando 77 milhões de eleitoras. Apesar de serem maioria da população e do eleitorado, enfrentam obstáculos para alcançar a igualdade de gênero, prevista pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 5, um dos 17 objetivos globais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Se no eleitorado elas são maioria, entre as candidaturas alcançaram apenas 30,64%, representando 8,3 mil candidatas. No pleito de 2016, para Executivos e Legislativo municipais, 31,1% eram candidatas mulheres, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O empoderamento político das mulheres é uma das condições para o aumento da liderança e da participação política das mulheres. Para ativistas e especialistas de gênero, para além do alistamento de mulheres nos partidos políticos – que neste ano chegou a 44% dos 18 milhões de pessoas filiadas –, é preciso incentivo às candidaturas de mulheres durante o período de campanha eleitoral. “Países que possuem representação igualitária, são países que possuem o melhor índice de desenvolvimento humano”, lembra a advogada Luciana Lóssio.
Como a busca pelo voto pode se mostrar mais árdua para as candidatas devido ao machismo, especialistas de gênero e ativistas consideram importante valorizar o engajamento de mulheres com a política nacional. Uma dessas vozes é a de Marlise Santos, professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do Grupo Assessor Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres.
Em um dos vídeos sobre as eleições 2018 da websérie #Brasil5050, da ONU Mulheres, Marlise Santos se dirige às candidatas: “apesar de o sistema dizer para vocês o tempo todo que vocês não valem e que a candidatura não vai ser bem-sucedida, eu quero que vocês acreditem nessa candidatura”. “O valor e a importância dessa candidatura são essenciais para que esse país saia desse grande dilema que nós estamos vivendo, que é essa crise da democracia”.
Opinião semelhante é a de Flávia Biroli, professora e pesquisadora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e membra do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres. De acordo com ela, o machismo é um dos obstáculos concretos à participação política das mulheres no país. “A política brasileira tem sido uma política masculina. E isso não significa apenas que há uma maioria de homens. Significa que as experiências das mulheres, as necessidades das mulheres não estão sendo devidamente consideradas”.
Campanhas de candidatas negras
Ativistas feministas e do movimento de mulheres estão engajadas com o empoderamento político. Uma delas é Clátia Vieira, membra do Fórum Nacional de Mulheres Negras e do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, parceiro da ONU Mulheres. “Nós, mulheres negras que não somos candidatas, temos a obrigação de criar condições para que as mulheres pretas nos representem. A gente precisa fazer campanha para que essas mulheres pretas se sintam fortalecidas”, diz.
Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, avalia que candidatas e eleitorado têm papel importante nas eleições 2018. Para as postulantes aos cargos eletivos, ela aconselha: “prestem atenção”. “Vocês têm toda condição de ir para uma eleição e vencer essa eleição, porque vocês têm um olhar social”. E, a mulheres e homens eleitores, acrescenta: “o eleitorado precisa votar e prestar atenção nas mulheres. Elas estão mudando o Brasil!”.
Histórico de mobilização política
Outra entrevistada da websérie #Brasil5050 registra o histórico de mobilização política das mulheres. Liége Santos, da União Brasileira de Mulheres, salienta: “participar sempre, insistir sempre”.
“Não podemos esquecer que o protagonismo das mulheres, na História do Brasil, é uma realidade. As mulheres conquistaram o voto em 1932. Lutaram contra a ditadura, com participação efetiva, e foram as mulheres as primeiras a criar o movimento pela Anistia no Brasil. O protagonismo das mulheres, na Constituinte de 1988, foi fundamental.”
De acordo com Liége Santos, o histórico de mobilização política também é percebido na atualidade. “Essa participação e esse protagonismo são realidade. Nesse momento de ano eleitoral, nós temos de dizer às mulheres ‘vocês são atrizes principais’. São protagonistas da história e têm de lutar cada vez mais pelos seus lugares na História do Brasil e na sua participação política”.
Mônica Oliveira, do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres e membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, faz alusão ao histórico de negação das mulheres no mundo político. “A política é nosso lugar porque ela decide o nosso cotidiano. A política decide sobre a escola dos nossos filhos e filhas, a universidade onde nós queremos estudar e onde nós queremos que nossas filhas e filhos estejam”.
“A política decide os nossos salários. A política decide nossa segurança. Então, nós precisamos estar na política, inclusive para fazer valer a nossa voz, especialmente nós, mulheres negras, que praticamente não estamos nesses lugares”, pontua a ativista, que faz parte da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.
#Brasil5050: paridade de gênero na política
As expectativas das mulheres brasileiras em relação às eleições 2018 e pela igualdade de gênero na política são o mote da websérie documental #Brasil5050, da ONU Mulheres Brasil, com cerca de 90 depoimentos que serão publicados nas redes sociais da ONU Mulheres Brasil e do projeto Cidade 50-50 até o final do ano.
Os episódios revelam anseio pela democracia paritária por meio de um #Brasil5050, incentivo às candidaturas de mulheres, responsabilidade de partidos políticos, alerta ao eleitorado brasileiro para voto consciente e caracterização da violência política.
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