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Pontos de Cultura de Minas Gerais se reunem: trocas, reflexões e deliberações

Fotos: @Vokuim, @mayradelua, @lumedutra

 

A Rede Mineira de Pontos de Cultura realizou na cidade de Itaúna (MG), entre os dias 8 e 11 de agosto, mais um encontro intitulado Cortejo da Cultura: reconstrução pela base. Organizado pelo Ponto de Cultura Vokuim, contou com o apoio dos integrantes da Rede e financiamento por emenda parlamentar da ex-deputada Áurea Carolina.   Durante os 4 dias do encontro, também transmitido online pelo canal no Youtube dezenas de representantes de grupos, coletivos, entidades culturais e artísticas, Mestres e Mestras das Culturas Populares e Tradicionais de Minas Gerais vivenciaram momentos de formação, articulação e celebração, com o objetivo de festejar os 20 anos do Programa Cultura Viva e contribuir para o fortalecimento da Política Nacional Cultura Viva (PNCV) que completa 10 anos de existência.

A programação foi aberta com um cortejo pelas ruas da cidade, protagonizado pela Guarda de Candombe de Nossa Senhora do Rosário e pelo Moçambique de Santa Efigênia. Nos dias seguintes, além das apresentações artísticas, gestores e gestoras culturais, mestres, mestras, ponteiros e ponteiras dialogaram sobre as políticas culturais, ações afirmativas, diversidade cultural, cultura de base comunitária, a relação da PNAB com as culturas populares e tradicionais.

O encontro contou com a presença de representantes da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural/MINC, da Representação Regional do MINC, do Comitê de Cultura de MG, da Secult MG e dos Pontões de Cultura de MG; oportunizando o diálogo com a Rede e as demandas para cada instituição. O Cortejo reuniu representantes de 119 Pontos vindos de 50 municípios do estado.

No último dia, foi realizado o IX  Fórum da Rede Mineira de Pontos de Cultura com uma extensa e importante pauta envolvendo a proposta de divisão de recursos da PNAB para os Pontos de Cultura; eleição de representantes da Rede no Conselho Estadual  de Políticas Culturais (CONSEC) e na subcomissão de acompanhamento da PNAB; eleição de representantes na Comissão Nacional de Pontos; eleição de representantes no Comitê Gestor da Política Estadual de Cultura Viva; confirmação da Comissão Mineira de Pontos de Cultura e eleição de delegados e delegadas para o Fórum Nacional dos Pontos de Cultura.

Para Franklim Drumond, integrante da Rede e um dos organizadores do evento, além de fortalecer laços afetivos e de solidariedade entre as pessoas e grupos que compõem a Rede, o encontro oportunizou o intercâmbio de ideias e a criação colaborativa de ações como apresentações artísticas e incidência política. Para ele “os encontros são experiências de concentração de energias e desejos que se alinham, cruzam e firmam como movimento do grupo.”

Para Alba Dutra, gestora da Vokuim e coordenadora geral do Encontro, “quando pontos se unem têm a possibilidade de ver que a fragilidade de um pode ser a potência de outro e nessa troca de expertises criam laços e desenvolvem ações solidárias que fortalecem toda a Rede”.  O encontro se constituiu como um importante espaço de participação e de escuta de necessidades e anseios, além de permitir uma aproximação e a construção de relacionamentos entre pontos, pontões e fazedores de cultura para fins de fortalecimento da Rede e da PNCV.  Além disso, a realização do IX Fórum Estadual de Pontos de Cultura tem uma importância estratégica enquanto instância colegiada e representativa da Rede. Alba Dutra enfatiza que “esses encontros são fundamentais para a construção de uma rede forte, inclusiva e representativa. A política cultural na Rede Mineira tem sido feita com dois ingredientes básicos: resistência e afeto. E lá se vão 15 anos de uma rede auto gestada que se fortalece em seus processos de luta.”

Franklin Drumond chama a atenção para o fato de que “entre o último Fórum e o atual, a Rede cresceu mais de 100%, passando de 331 organizações beneficiadas com a PNCV, até março de 2021 para 775, segundo a Plataforma Cultura Viva, em agosto de 2024. A articulação em torno da aprovação da LAB, da LPG e da PNAB, fortaleceu a organização da Rede.” 

Alba Dutra destaca que a realidade desse Fórum foi bem distinta das realidades dos Fóruns anteriores realizados em 2015, 2017, 2019 e 2022. Nestes anos houve uma total ausência do Poder Público Estadual.  Segundo ela, “a realidade deste encontro, o Cortejo da Cultura – reconstrução pela base, veio num outro contexto: de recriação do Ministério da Cultura, da reconstrução das políticas públicas de cultura e fundamentalmente com a aprovação de um recurso por meio de Emenda Parlamentar, o que nos permitiu pensar um encontro mais robusto com uma agenda de palestras e diálogos, apresentações culturais, hospedagem e alimentação custeadas para os/as participantes e a possiblidade de ter na programação representantes do MinC e da Secult.”

A troca de experiências entre os Pontos de Cultura já estabelecidos e os recém-certificados foi um aspecto importante nesse encontro. Permitiu que a rede se conhecesse e reconhecesse, que os novos integrantes conhecessem a trajetória da Rede Mineira, enquanto também trazem novas ideias e perspectivas. Essa dinâmica entre tradição e inovação é essencial para a vitalidade da cultura, da Política Cultura Viva e da Rede.

Perguntados sobre a importância do Encontro, ambos foram enfáticos em elencar a potência do diálogo sobre temas centrais e a troca de experiências. “A maior realização me parece ter sido essa organização de maneira independente, embora com recursos públicos. A autonomia da Rede e a capacidade de autogestão ficou demonstrada, mais uma vez, e permitiu o avanço na discussão sobre os recursos da PNAB serem descentralizados, alcançando mais municípios em Minas Gerais”, afirma Franklim.

Alba analisa que “o Cortejo fortaleceu os princípios da PNCV e da Rede Mineira de Pontos de Cultura, mostrando que as ações coletivas têm um impacto significativo na promoção da cultura e no fortalecimento das comunidades.” Além disso, destaca que o objetivo era de se garantir que o Encontro “fosse um espaço para diálogo e discussão de aprofundamento de temas que atravessam a CV e a gestão dos Pontos. Que fosse um espaço para os pontos de cultura se conhecerem e trocar experiências e momento de interação e integração entre artistas e fazedores de cultura e agentes culturais do estado para o compartilhamento em rede. Além de reforçar a importância da interiorização por meio da itinerância pelas regiões do estado de MG.

O Observatório da Diversidade Cultural foi credenciado como Ponto de Cultura em 2024 e participou do Encontro com a presença dos pesquisadores Ana Paula do Val e José Marcio Barros .

 

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