Nas últimas décadas, com pautas relacionadas com as questões da diversidade, um contingente enorme de grupos historicamente excluídos da sociedade brasileira reclamam por justiça social e maior participação nas decisões de suas localidades. Negros, mulheres, comunidades da periferia das cidades, indígenas, quilombolas, comunidades LGBT e outros, apoiados por organizações da Sociedade Civil, utilizam-se de um discurso onde os termos empoderamento e protagonismo aparecem frequentemente, ocasionado desgastes e esvaziamento de sentido.
O termo “empoderamento” é uma tradução da expressão em inglês empowerment e significa dar poder, tornar apto, dar capacidade, permitir, etc. O termo é usado em situações em que se ampliam os poderes de alguém em um processo deliberativo. O termo surgiu no movimento de contracultura, nos anos 60, e, nos anos 90, substitui o termo poder com o levante destes grupos marginalizados nas primeiras décadas deste século.
Desgastado e esvaziado de sentido, o termo perde sua forma e se converte em sinônimo de monossemia em que, segundo o professor da ECA e membro da Comissão de Direitos Humanos da USP, Ricardo Alexino Ferreira, afirma que “apenas o grupo pode falar sobre si mesmo e tem poderes sobre os demais”. Para o professor, a palavra nos incuti a ideia de posse e subjugação do outro. Neste sentido, o termo deixa de significar autoconhecimento e fortalecimento existencial do grupo, mas sim, imposição exterior sobre qualquer outro. Emponderar-se diz respeito à liberdade de decidir e controlar seu próprio destino com responsabilidade e respeito ao outro.
O termo “protagonismo” está na mesma situação do “empoderamento”. Na raiz latina do termo, “protos” é o primeiro, principal e “agonistes” lutador e competidor. O termo protagonismo surge nos anos 60 com o objetivo de que grupos com poucas representações políticas e sociais fossem capazes de construir narrativas históricas independente da quantidade de seus integrantes. As histórias são contadas a partir da perspectiva destes grupos, tendo em vista novos referenciais e novas vozes. “É o momento em que se tem a polissemia e a possibilidade de vozes, por vezes divergentes, protagonizando novas narrativas, conclui o membro da Comissão de Direitos Humanos da USP.
Para o professor, os dois termos foram sendo poluídos e necessitam de sentidos históricos, culturais e sociais. Cada grupo trabalha no intuito de se diferenciar cada vez mais uns dos outros em busca de identidade. No entanto, esta segmentação vai gerando cada vez mais individualidades. E, quando há uma distinção, ocorre também uma separação. E este movimento tende a ser discriminatório. Fica a questão: será também discriminação quando destacamos que determinado grupo, comunidade ou povo deve ter protagonismo ou empoderamento?
Biografia:
http://jornal.usp.br/artigos/o-desgaste-de-termos-como-empoderamento-protagonismo/
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