Possibilidades e desafios das dinâmicas territoriais da globalização
O ODC participou da programação do Seminário Arte Hoje 2012, realizado em Ouro Preto, de 19 a 27 de maio. O supervisor de pesquisa e projetos do Observatório, José Oliveira Junior, discutiu a noção de “território rede”, na perspectiva dos processos de proteção e promoção da diversidade cultural. Promovido pela Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), o evento adotou como referência as dimensões cultural e artística para refletir sobre as possibilidades de transformação do território, no contexto das redes materiais e imateriais que mediam as relações sociais.
A conferência de abertura: “Da desterritorialização aos territórios-rede: dinâmicas territoriais da globalização” foi realizada pelo geógrafo Rogério Haesbaert, para quem o conceito de território ancora-se na noção de multiterritorialidade. A ideia é que, na sociedade globalizada, diversos territórios conectam-se formando novas territorialidades e dinâmicas sociais. A multiplicidade espacial exige, por sua vez, a articulação em redes que são, também, imateriais e simbólicas. Para o pesquisador, nos “territórios-rede”, diversas manifestações locais e globais se entrelaçam, exigindo visão integradora que enfatize os aspectos político, econômico e simbólico, para compreensão da complexa dimensão territorial dos processos sociais.
Trânsito
O território foi analisado pelo supervisor do ODC, na dimensão das trocas sociais e dos desafios gerados por essas interações. Nesse sentido, explica Junior, as relações de pertencimento devem ser observadas como processos identitários em trânsito e a arte consiste em elemento fundamental, uma vez que, além de expressão do criador, tem a capacidade de interferir, de forma singular, nas formas dos outros se expressarem.
Ele enfatiza que a mobilidade das interações sociais exige a abertura ao novo, o que implica capacidade de adaptação. “Capacidade de lidar com universos simbólicos diferentes e, principalmente, de decifrar melhor os conhecimentos disponíveis”, diz, mencionando desafios, como a dificuldade de leitura e a irregularidade na apreensão dos conhecimentos no Brasil. “Pela qualidade dessas trocas, estabeleço uma serie de territórios”, relaciona.
Segundo Oliveira Junior, a diversidade fica comprometida se não houver acesso ao diferente, com predominância da lógica de mercado. Daí a importância das políticas públicas, principalmente, no que se refere ao processo educacional. “O processo de especialização produz dependência para decifrar outros universos. Falta leitura sobre o avanço da humanidade e produção de conhecimentos em áreas fundamentais”, argumenta. “Multiterritorialidade requer autonomia”, enfatiza o supervisor do ODC.
Assim, ele defende que, em vez do pragmatismo das relações, é preciso promover o conhecimento transdisciplinar que fortalece a competência comunicativa e a sensibilização para novas informações e produção de outros sentidos. “Saberes excessivamente fragmentados impedem as pessoas de terem capacidade de adaptação”, justifica José Junior.
No vídeo “Novas territorialidades”, o pesquisador Rogério Haesbaert descreve o conceito de desterritorialização e discorre sobre território e multiterritorialidade como alternativas para compreensão das complexas relações espaciais do mundo contemporâneo. A palestra faz parte do módulo “Geografia na contemporaneidade” de curadoria de Antonio Carlos Robert Moraes.
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