Foto: Gustavo Baxter | Divulgação Polo Audiovisual
Uma das conversas ao vivo realizadas ao longo do mês de maio na Plataforma Youtube do ODC, no âmbito da programação dedicada à Diversidade Cultural, teve como tema a contribuição da cultura para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Dimensão Econômica da Agenda 2030 das Nações Unidas. Um dos convidados do encontro foi César Piva, representando o Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais, projeto que contribui para o alcance de diversos ODS, como ele explica na entrevista que concedeu ao ODC:
Observatório da Diversidade Cultural – Em que consiste o Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais, e quais os objetivos dele?
César Piva – O Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais é atualmente reconhecido como um dos principais centros de formação e produção em funcionamento no Brasil, com sede em Cataguases, que envolve outras 65 cidades da Zona da Mata Mineira.
ODC – Como se dá a atuação de vocês?
César Piva – No campo da produção, em 10 anos de atuação já realizou 24 grandes obras cinematográficas na região da zona da mata mineira, com destaque para longa metragens e séries de televisão que alcançam um grande público em salas de cinema e televisão, mostras e festivais, conquistando prêmios e reconhecimento em todo o Brasil e no exterior.
No campo da formação profissional se destacam as residências criativas do Estúdio Escola Fábrica do Futuro e a realização do edital Usina Criativa de Cinema, responsável pelo fomento à realização de dezenas de curtas metragem produzidos por talentos locais.
Na educação audiovisual os destaques são as edições do Festival Ver e Fazer Filmes e projeto Escola Animada – Rede Cineclube, envolvendo estudantes e professores de escolas públicas da região.
Em 2020 os destaques foram: a criação da plataforma www.poloaudiovisual.tv, um canal de streaming com exibição gratuita de boa parte das obras realizadas no âmbito do Polo Audiovisual; e o lançamento do Projeto Cidade da Música, com sede na cidade de São João Nepomuceno, como arranjo criativo que reúne profissionais da música e do audiovisual.
Para 2021, estão em fase de contratação junto ao Banco Regional do Extremo Sul – BRDE os 16 novos projetos selecionados no edital Coinvestimentos Regionais, que somam R$ 10.5 milhões, em um arranjo financeiro inédito no país, reunindo como contrapartida local recursos de isenções fiscais estaduais de empresa privada da região, multiplicados em cinco vezes por meio de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual da Agência Nacional de Cinema – ANCINE.
O Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais é viabilizado por meio de uma Rede de Cooperação regional liderada pela Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, o Instituto Fábrica do Futuro, o Sebrae-MG, com a aliança estratégica e patrocínio principal do Grupo Energisa.
A governança é realizada pela Agência de Desenvolvimento do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais (APOLO), uma Empresa Social sem fins lucrativos qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), responsável pelas mediações institucionais e de mercado, nas ações operacionais de “film Commission” regionais, na promoção, prospecção e de cooperação nacional e internacional.
ODC – Vocês têm números sobre o impacto gerado em termos de criação de emprego e renda?
César Piva – Em uma década foram investidos, com recursos locais, cerca de R$ 20 milhões no fomento à produção e pós-produção, em fóruns e festivais, em planos de formação e qualificação profissional, em editais para valorização de talentos locais. A maior parte desses recursos são reunidos por meio de Leis de Incentivo à Cultura Estadual e Federal, viabilizados através de isenções fiscais de empresas da região.
Segundo o Sebrae, essa retenção de impostos na região, somados a outros recursos captados pelas empresas produtoras, atraídas para realizarem suas obras ali, irão multiplicar seu impacto na economia regional, alcançando mais R$ 80 milhões com a contratação de mão-de-obra qualificada, gerada com mais de 2 mil postos de trabalho de artistas e técnicos locais, a contração de empresas fornecedoras e de prestação de serviços, e envolvimento direto de outros seguimentos econômicos da região.
ODC – Em que consiste o Polo Audiovisual TV?
César Piva – O Polo Audiovisual TV é um canal de exibição de filmes na internet promovido pelo Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais. O canal integra o movimento “Energia do Bem”, uma ação nacional de prevenção e combate a pandemia da Covid 19, liderada pelo Grupo ENERGISA em diversos estados onde a empresa atua no país. É uma iniciativa que busca possibilitar algum conforto e entretenimento neste difícil momento de isolamento social que vivemos no Brasil e no mundo.
Desde abril de 2020 já foram exibidos gratuitamente pelo canal mais de 70 produções audiovisuais, entre longa e curta metragem, documentários, séries de televisão, animações, videoclipes, em grande parte realizadas por produtoras brasileiras na Zona da Mata Mineira.
Além destas produções o canal promove também diversos festivais, mostras especiais de cineastas convidados, pré-estreias e lançamentos com a participação de artistas, produtores, diretores, jornalistas, como está que você está assistindo agora.
ODC – Você citou a realização de Festival de Cinema na sua região. O que caracteriza esse Festival?
César Piva – O Festival Ver e Fazer Filmes é realizado na cidade de Cataguases, desde 2008, e tem como objetivo principal dar maior visibilidade às ações, projetos e produções desenvolvidas no âmbito do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais. É um evento que reúne ações de formação do olhar de crianças e adolescentes locais, possibilita a troca de experiências entre diversos profissionais, especialmente dos setores do audiovisual e da educação por meio de fóruns e workshops, e fomenta a produção de uma nova geração de talentos locais, ao mesmo tempo que organiza a primeira exibição das produções realizadas nas diversas cidades da região do arranjo criativo e produtivo do Polo Audiovisual.
Os destaques do Festival Ver e Fazer Filmes são:
– na Etapa VER, a Mostra Cine Escola Animada é uma ação de formação dirigida ao público infantil e juvenil, que promove a exibição, debates e premiação de filmes de longa e curta metragem da recente produção nacional. O Cine Escola mobiliza, a cada edição, cerca de 1000 estudantes e 100 professores da rede pública de ensino da região, que integram também o Júri Infantil e o Júri Juvenil para eleger o Melhor Filme da Mostra. Em todas as edições participaram diretamente 4000 estudantes e 800 professores da região.
– na Etapa FAZER, a Mostra Usina Criativa de Cinema é uma ação de exibição e premiação dos curtas-metragens realizados por novos talentos da Região, selecionados por meio de uma chamada pública. A cada edição, com oito meses de antecedência do Festival, uma chamada pública é realizada para selecionar projetos de realizadores locais, que recebem recursos financeiros e consultorias técnicas para a produção de seus curtas metragens. No Festival são exibidos e premiados em diversas categorias por juris técnicos e popular, marcando o encerramento como uma das ações mais concorridas da programação. Em todas as edições foram produzidos 50 curtas metragens, envolvendo mais 500 jovens talentos locais.
O Festival Ver e Fazer Filmes é uma coprodução da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho e o Instituto Cidade de Cataguases, em parceria com o Instituto Fábrica do Futuro e a Agência de Desenvolvimento do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais, com patrocínio principal do Grupo Energisa através da Lei de Incentivo à Cultura do Estado de Minas Gerais.
ODC – Vocês incorporam no trabalho de vocês algum Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU?
César Piva – Em nosso trabalho relacionamos e aprofundamos os seguintes ODS:
4 – Educação de Qualidade, com projetos de Educação Audiovisual e Cultura Digital, buscando ampliar a relação com Educação Integral, sobretudo, envolvendo estudantes e professores de escolas públicas da região;
5 – Igualdade de Gênero, com ações efetivas para fortalecer a presença e liderança feminina nas equipes de projetos e produções;
6 – Emprego Digno e Crescimento Econômico, com ações de formação, qualificação profissional e inclusão produtiva em projetos e produções audiovisuais contemporâneas, promotores de trabalho criativo, geradores e distribuidores de riquezas, com relevantes impactos econômicos, sociais e culturais na região;
16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes, com ações efetivas de produções audiovisuais que promovam valores culturais e sociais associados aos direitos humanos, à diversidade cultural, a cidadania, a democracia e vida sustentável; e
17 – Parcerias em prol das metas, com ações efetivas de formação de redes de cooperação, que promovam os quatro pilares para o desenvolvimento: Cultura, Ecologia, Economia e Política.
ODC – E você acha que a proposta do Polo Audiovisual é replicável em outras regiões do país?
César Piva – Nossa trajetória e experiência nos mostram que é possível replicar a proposta do Polo Audiovisual, guardados os devidos cuidados com as singularidades locais. Desde que a proposta reúna uma rede representativa de atores locais, movidos pela força do desejo e da cooperação em uma “causa”, em um propósito de interesse público. Desde que essa rede seja desprovida de pressa e preparados para organizar uma ação de construção política e social, de um programa planejado, estruturante e de longo prazo.
Para saber mais, acesse: www.poloaudiovisual.org.br
Para ver as produções, acesse: www.poloaudiovisual.tv
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