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Curso Desenvolvimento e Gestão Cultural debate desafios na área

A última aula do curso Desenvolvimento e Gestão Cultural  teve início surpreendente, com a apresentação do sanfoneiro Zé Mineiro, da cidade de São João Del Rey, que marcou as atividades de encerramento deste primeiro semestre. Contagiados pelo entusiasmo de Mineiro, os alunos participaram, em seguida, do debate sobre os “Desafios da gestão cultural”, com o gestor do Circuito Cultural Praça da Liberdade, Fabrício Santos, o produtor do Memorial Minas Gerais Vale, Felipe Mariano, e  ​o coordenador do ODC, ​José Márcio Barros.

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Santos apresentou como prioridade da atual fase do Circuito Cultural o desafio de construir, com a cidade, a identidade cultural do espaço público que deve, necessariamente, refletir, segundo ele, os significados dos usos e apropriações do Circuito, pelos cidadãos. Ao mesmo tempo, de forma integrada ao processo, é preciso intensificar a interação dos 12 espaços integrantes do Circuito, em busca da produção de sentido pela e para a coletividade. Assim, a pergunta que desafia a ação em rede, como pontuou, consiste em: quais potencialidades podem ser desenvolvidas a partir dessas características do espaço público?

Para tanto, observou, ainda, é preciso que o Circuito “seja permeável a inovações e renovações da ocupação”. A “experiência de circuito”, na perspectiva apresentada, deve ultrapassar o espaço físico, tendo em vista o diálogo com os agentes do setor cultural e a expansão das atividades, bem como integração com a vida cultural presente em outras regiões da cidade. As ações educativas também são importante eixo de atuação desenvolvido no campo da formação, conforme ressaltou, principalmente, junto a escolas públicas.

Nesse contexto, ele aponta como desafios da gestão cultural os seguintes pontos: influenciar as decisões políticas por meio da discussão de ideias ligadas ao desenvolvimento da cidade; articular linguagens artísticas e culturais à área de gestão, promovendo cada vez mais atividades multidisciplinares que permitam a renovação metodológica no tratamento a questões de interesse coletivo: “Um banho de cultura nos negócios e não o inverso”, defendeu, situando a discussão no contexto da chamada economia criativa.

“Me parece que existe um esgotamento de modelo entre gestores, proponentes e patrocinadores”, disse, justificando que, mesmo com a nova Lei 20.964, as empresas não estão investindo na cultura. Com novos percentuais de dedução referentes à Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, a renúncia fiscal das empresas incentivadoras pode ser de 99%, 97% ou 95%, e a contrapartida de 1%, 3% ou 5%, dependendo do porte da organização. Antes da nova Lei, a empresa podia deduzir 80% do valor investido por meio de renúncia fiscal do ICMS. O total de 20% restante correspondia ao valor da contrapartida, repassado ao projeto.

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Aspecto importante no que se refere aos desafios da gestão hoje foi apontado pelo produtor do Memorial Minas Vale, Felipe Mariano, que enfatizou a prioridade a programação cultural aberta à diversidade de expressões. Nesse sentido, ele afirmou o compromisso do Memorial com agenda artística e cultural que não recebe atenção, normalmente, no mercado da arte e cultura, como a realização de performances e saraus, além de atividades de leitura dramática e dedicadas às crianças, todas registrando público crescente. “Como abordar o conteúdo do Memorial para a criança?”, questiona o produtor que aposta, principalmente, nas formas de interação com o público, cujo papel é considerado ativo na construção de experiências, permeadas pela “cultura imaterial” do acervo.

Fabrício Santos reforçou ainda que a preponderância da lógica empresarial “simplifica e homogeneíza processos culturais”. A cultura, de acordo com ele, tem muito a contribuir com o meio corporativo, de forma que a construção de conhecimento resultante desse encontro das áreas não se dê de modo hierarquizado, mas reflita interseções, trocas e diálogos entre os campos. Exemplo, nesse caso, é a tentativa frustrada de “aculturar artistas nos modelos de negócios”, afirmou, ao sintetizar: “Plano de negócios não é modelo de financiamento para a cultura”. Nesse contexto, José Márcio Barros enfatizou que a lógica mercadológica deve ser questionada, quando o objetivo é reconhecer e promover a diversidade de expressões, tomando-se como norte o direito à cultura que precisa ser garantido pelo Estado, tendo em vista seu papel formador de públicos e de fortalecimento dos agentes culturais, para o necessário desenvolvimento de projetos culturais autossustentáveis.

Curso Desenvolvimento e Gestão Cultural – 2º semestre/2014

Pré-inscrições: https://www.observatoriodadiversidade.org.br/pensareagir/

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