NOTÍCIAS

Fé, política e mercado

Norma da ONU enfatiza diversidade religiosa;
Religião movimenta economia nacional

“Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”. Este é o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Um Mapa das Religiões construído pela Fundação Getúlio Vargas, em 2011, lista mais de 100 denominações religiosas, classificadas como Católica, Evangélica Pentecostal, Evangélica de Missão, Outras Evangélicas, Espiritualista, Afro-brasileira, Orientais e Outras. O panorama traçado pala publicação e a liberdade defendida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos apresentam o desafio de lidar com a diversidade religiosa brasileira, o que, aliás, é um desafio no mundo inteiro, e desperta iniciativas do poder público ao mesmo tempo em que o mercado religioso é considerado um dos que mais cresce.

Uma norma aprovada pela Organização das Nações Unidas, em dezembro do ano passado, apela aos governos mundiais que combatam todos os sinais de intolerância religiosa. A resolução foi aprovada por consenso das 193 nações da Assembléia, sem necessidade de votação. O texto declara que qualquer discriminação “por razões de religião ou crença constitui uma violação dos direitos humanos”. Também expressa a sua preocupação contra o ódio religioso e o fracasso de alguns Estados na luta contra essa “tendência crescente”.

 

Caminhando a gente se entende

Algumas iniciativas recentes destacam-se em prol da diversidade religiosa, como o lançamento do livro e DVD “Caminhando a gente se entende”, pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, integrando à programação do dia Nacional d

e Combate à Intolerância Religiosa, comemorado no dia 21 de janeiro. O lançamento aconteceu no Rio de Janeiro e contou com a presença de 300 participantes, religiosos das mais diversas vertentes, além de autoridades governamentais. A publicação contém fotografias e textos referentes às quatro edições da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, no Rio de Janeiro, que em 2011 reuniu cerca de 180 mil pessoas na Avenida Atlântica, na praia de Copacabana.

A iniciativa, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), teve o apoio da Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao Ministério da Cultura que tem a missão de promover a preservação, a proteção e a disseminação da cultura negra, e, assim, de valorizar as manifestações de matriz africana, em defesa da liberdade religiosa.

Como parte da estratégia do Governo Federal para efetivação das políticas afirmativas e de respeito e fortalecimento da diversidade no país, foi realizado um Mapeamento das Comunidades Tradicionais de Terreiro nas capitais e regiões metropolitanas dos estados de Minas Gerais, Pará, Pernambuco, e Rio Grande do Sul.

A realização é resultado de um processo de mobilização e de luta dos povos de terreiro por reconhecimento e respeito às suas tradições e ancestralidade, e plena efetividade dos seus direitos territoriais, sociais, culturais e econômicos. O banco de dados construído deve nortear as políticas públicas junto às comunidades de terreiro, com ênfase na promoção da segurança alimentar e nutricional. O número total de casas pesquisadas, no período de maio a agosto de 2010, foi de 4.045. De acordo com a pesquisa, os povos de terreiro se destacam, entre outros, pelo cenário extremamente plural: candomblé, umbanda, batuque, nação, tambor de mina, xambá, omolocô, pajelança, jurema, quimbanda, xangô, dentre outras variantes.

 

Mercado

Além de motivar estudos que apontam os desafios políticos e sociais  ligados à proteção e promoção da diversidade cultural, o campo da religião exerce papel cada vez mais importante também na movimentação econômica do país. A Câmara Brasileira do Livro/Fipe calcula que em 2010, os livros religiosos foram responsáveis por 14,7% do faturamento total do mercado. O jornal Valor Econômico (http://www.valor.com.br/empresas/1179248/brasileiro-compra-mais-obra-religiosa) publicou reportagem analisando o mercado editorial evangélico brasileiro, caracterizando-o como o segmento editorial que mais cresce no país, em que descreve que o “brasileiro compra mais obra religiosa”.

Tendências mercadológicas podem ser apontadas nesse segmento em expansão. Em matéria publicada pela Folha de São Paulo, o diretor-geral da Som Livre, Marcelo Soares, afirma que “o público não religioso pouco gasta em suas crenças pessoais”. Publicada em novembro do ano passado, a notícia trata do poder de vendas do setor gospel, tanto no mercado editorial quanto musical. Ainda segundo o diretor da gravadora, o cristão, “além desses gastos” diretamente ligados ao universo da religião, tende a gastar mais com cultura.

Deixe aqui o seu comentario

Todos os campos devem ser preenchidos. Seu e-mail não será publicado.

ACONTECE

ODC Diálogos – 17 de Abril de 2024

No dia 17 de abril (quarta-feira), às 19 horas, acontecerá mais uma edição do ODC Diálogos. Motivado pelo número 100 do Boletim, o encontro tem como tema “Avanços e desafios para a política cultural no Brasil hoje”, e contará com a participação de Albino Rubim e Bernardo Mata Machado, sob mediação da pesquisadora do ODC, […]

CURSOS E OFICINAS

Oficina Mapeamento Participativo da Diversidade Cultural – Santa Luzia (MG)

O Observatório da Diversidade Cultural, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, e com o patrocínio da Soluções Usiminas, e apoio do SESC Santa Luzia, realiza a oficina Mapeamento Participativo da Diversidade Cultural. A oficina Mapeamento Participativo da Diversidade Cultural tem como objetivo a formação de agentes culturais, estudantes, pesquisadores […]

Mais cursos