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Jogos, diversidade cultural e qualidade de vida no trabalho

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*Maurício de Araújo Lima

O jogo antecede a cultura porque os animais também jogam, com demonstração de respeito pelo adversário e inteligência tática e estratégica. Mas os jogos de todos os tempos e de todos os lugares são testemunhos da diversidade da cultura humana, capaz de criar um jogo como o xadrez, com milênios de história e ainda representando um desafio para o homem e sua tecnologia.

Os jogos dos diversos povos na história do homem são expressões dessa cultura humana em todos os seus aspectos mais significantes de cada época e lugar. Dessa forma, os jogos de todos os tempos são perfeitos exemplos dos pilares de sustentação de cada povo e de todos os momentos históricos das civilizações.

Eis que um jogo americano do século XX, o Banco Imobiliário, simboliza toda uma estrutura de valores vigentes e suas regras dão lugar a uma dinâmica que é a cara dos Estados Unidos no século passado. Já no antigo Egito, o Senet era jogado pelas classes altas e o Mancala pelas classes baixas. O primeiro jogo simula um cerimonial de purificação com o objetivo de desafiar o deus Osíris e vencendo-o ter direito à vida eterna. Já o segundo jogo sintetiza a vida de agricultores, semeando e colhendo a lavoura de cada dia.

Não é por acaso que, na atualidade, os jogos são virtuais, espelhando uma sociedade imersa em um mundo high tech, jogando com a tecnologia desenvolvida para o cinema e a televisão. E superando toda essa atividade em termos econômicos, uma vez que a indústria dos games fatura mais do que todas as outras mídias existentes.

A partir dessa diversidade de conhecimentos desenvolvemos, em parceria com o SENAI e o SESI, um programa de utilização de jogos no lazer e na educação do trabalhador, com o objetivo de combater o stress e tornar o ambiente das empresas mais agradável. Para tanto, montamos uma equipe multidisciplinar com profissionais de psicologia, terapia ocupacional e design, além de pesquisadores com mais de duas décadas de experiência na pesquisa e desenvolvimento de jogos.

Os jogos que compõem a OPA – Oficina do Pensar e Agir – Qualidade de Vida são o Jogo da Onça, o Oska, o Capitão Cook, o Equilíbrio e o Arranhacéu. O Jogo da Onça era jogado pelos indígenas brasileiros antes da chegada dos europeus a nosso país e, ao simular uma caçada com a utilização de cachorros, propõe o exercício tanto da individualidade quanto do trabalho em grupo.

O jogo do Capitão Cook é um exemplo de objetividade e trabalha a capacidade de concentração e de foco. Já o jogo do Equilíbrio necessita de planejamento e visão de futuro para se desenvolver uma estratégia vencedora. Oska, uma variação do jogo de Damas, foi criado por mineradores de carvão na Inglaterra para possibilitar a realização de partidas em um curto espaço de tempo, o tempo de descanso nos intervalos do trabalho e por isso sintetizou o espírito do projeto com perfeição.

Por fim, o Arranhacéu vem acompanhado de metodologia para ser utilizada pelos departamentos de Recursos Humanos das empresas no diagnóstico e capacitação de perfis importantes para o trabalho em equipe. Todo o kit visa contribuir, por meio do acesso à diversidade de culturas presentes nos jogos, nas dimensões do lazer, saúde e educação e recursos humanos, contribuindo assim para a qualidade de vida dos brasileiros que passam a maior parte de seu dia no ambiente do trabalho.

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*Colaborador do ODC, Mestre em Comunicação Social, diretor da Origem Jogos e Objetos

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