Priorização, envolvimento, interação e resultados são as diretrizes do Ipop Brasil, primeiro reality show de política exibido pela internet. O projeto tem como objetivo construir, por meio da participação dos cidadãos, projeto de Lei de Iniciativa Popular que será levada ao Congresso Nacional.
Idealizado pela socióloga e doutora pela USP, Isabelle Anchieta, a iniciativa conta com a participação do juiz Márlon Reis, do Ficha Limpa e da Reforma Política Democrática, do presidente da Associação Brasileira de Ciência Política, Leonardo Avritzer, do promotor de justiça Edson de Castro e de Izabela Correa, do Projeto Brasil.
O reality é dividido em quatro etapas: Priorização, em que os temas de interesse público considerados mais importantes são votados; Seleção, processo em que os participantes são escolhidos; Competição, momento em que se formam as equipes e o reality começa; e a Grande Final, em que as duas equipes finalistas irão recolher assinaturas para que seu projeto se torne uma Lei de Iniciativa Popular. A equipe com mais assinaturas vence e seu projeto será levado ao Congresso Nacional.
Os participantes apresentarão diferentes idades, sexos, formações, cores e classes sociais. Ao longo do reality, irão receber cursos, viajar, realizar estudos de caso e vencer desafios propostos a fim de aprimorar seus projetos. Podem participar todas as pessoas maiores de 16 anos que não ocupem um cargo político. Os participantes devem elaborar uma proposta, visando melhorias no país e não devem apontar políticos ou promover campanhas partidárias.
O público é outro protagonista do reality, tendo em vista que é o responsável pela escolha do tema de cada temporada, pela seleção dos participantes e por definir as equipes finalistas. Dessa forma, o cidadão acompanhará as equipes, durante três meses, determinando o trajeto não só do programa, como também do país, estimulando, dessa forma, a participação e o debate públicos.
A ideia de realizar um reality show surgiu da percepção de que a rede social, isolada, não conseguiu manter a atenção dos cidadãos em relação a questões políticas. A dinâmica difusa e individual da rede pode interromper as interações sociais e dificulta a definição de prioridades, a formação de um pensamento coletivo e a obtenção de resultados.
Para tanto, é preciso avaliar os impasses e os aspectos positivos da atual forma de participação política, a fim de que tais qualidades não se tornem irregulares posteriormente. “Unimos o envolvimento promovido pela narrativa seriada típica da TV, a interatividade da Internet e os resultados concretos com a utilização de um mecanismo legal de participação direta (as leis de iniciativa popular)”, explica Anchieta.
Em meio a um cenário político marcado pelo agravamento da crise, percebe-se a abertura de um espaço que permite uma maior participação pública. “Vivemos um momento privilegiado, tanto tecnicamente como socialmente, para testar a participação direta de uma forma mais dinâmica. É momento de assumirmos também o lugar que nos cabe, para ativar e enriquecer a democracia participativa”, enfatiza a idealizadora do projeto.
O Ipop Brasil vem como um meio eficaz e contínuo que conduz o debate e as demandas públicas. A cada edição do reality show, será discutido um tema de relevância social, como educação, saúde, segurança e reforma política. Ao final da temporada, haverá o acompanhamento do desenvolvimento do projeto vencedor na câmara dos deputados e no Senado.
O projeto não conta com parcerias ou patrocínio, arrecadando recursos por meio de crowdfunding, via plataforma de financiamento coletivo (http://www.kickante.com.br/ipop) Kickante. Dessa forma, o reality adquire um caráter suprapartidário e permite o debate de assuntos significativos sem o envolvimento de agentes intermediários no processo.
O processo colaborativo considera que os cidadãos devem reconhecer que são seres políticos, dotados de um saber ético e social que permite ao homem uma compreensão sobre a vida pública. Orienta-se pelo entendimento de que não basta apontar problemas, é necessário também pensar e propor soluções para os mesmos. O cidadão deve afirmar seu posicionamento político e mostrar que é capaz de cumprir seu papel como membro de uma sociedade.
De acordo com Anchieta, “não existem pessoas inabilitadas ao debate político, ou que possam ser qualificadas de “analfabetos políticos. Essa é uma tentativa de elitizar e profissionalizar algo que é do domínio comum”. O Ipop Brasil apresenta-se como instrumento que viabiliza o entendimento e o debate político, reunindo diversas experiências com o intuito de elaborar uma Lei de Iniciativa Popular. “Essa é a nossa pretensão: qualificar, envolver e dar continuidade a um tema que deveria ser o assunto de maior audiência, a nossa vida em comum”, destaca a idealizadora do projeto.
Thais Milani
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