“Reconhecer a diferença não pressupõe uma concordância absoluta. Pressupõe respeito”. Assim, Rachel Gadelha destaca a importância de “ser diferente” em tempos atuais. Para a antropóloga e especialista em políticas públicas e gestão cultural, amar e respeitar o outro, em sua plena diferença, é a atitude mais revolucionária que se pode ter hoje em dia.
Em conversa com o Observatório da Diversidade Cultural, Gadelha respondeu a duas questões que se fazem cada vez mais importantes, meio às relações que enaltecem o questinamento e confrontamento de opiniões, impulsionadas pela cultura digital: por que ser diferente é importante e por que precisamos de políticas públicas para a diversidade.
Sobre a primeira, ela chama a atenção para uma perspectiva muitas vezes esquecida na individualidade de cada um. Por que é importante ser diferente? “Porque é só pela aceitação da diferença que posso compreender que o outro sou eu”, lembra Gadelha. Mas, se todos têm sua singularidade, como construímos a diversidade? “É a diversidade que nos dá a percepção da unidade. A compreensão de que a humanidade, no fundo, é uma só. Temos diferentes histórias, culturas, memórias, formas de ver e de se expressar. E mesmo assim, olhando bem direitinho, encontramos as mesmas necessidades e inquietações. A diversidade é a fonte da riqueza!”, explica.
Como nem tudo são flores, é preciso lembrar que ainda vivemos em um mundo no qual a percepção da diferença está atrelada a complexos e profundos processos de violência, negação e dominação. Para transformar essa realidade, as políticas públicas de longo prazo são a saída para a qual aponta Gadelha. Além disso, para ela, é preciso que essas políticas sejam “não só inclusivas e afirmativas, mas também criativas e amorosas”.
Ela fecha a entrevista chamando todos a pensar as relações humanas pela perspectiva da diversidade cultural. Um exercício necessário e latente frente às relações sociais contemporâneas. “É necessário haver políticas públicas culturais, sociais e educacionais abrangentes que possibilitem novas formas de convivência. Só assim construiremos uma outra percepção da diferença, compreendida como potência agregadora e não como fonte de exclusão”, conclui.
*Rachel Gadelha
Rachel Gadelha é antropóloga, Mestre em Políticas Públicas e Sociedade pela Universidade Estadual do Ceará, Pós-graduada em Administração e Gestão em Organização de Eventos pela Universidade Estadual do Ceará, Master en Gestión Cultural pela Universidade de Barcelona e Especialista em Gestão e Políticas Culturais pelo Itaú Cultural e Universidad de Girona. É Gestora do Cineteatro São Luiz e Diretora de Articulação Institucional do Instituto Dragão do Mar / Secretaria da Cultura do Ceará. Autora do livro Produção Cultural: conformações, configurações e paradoxos, editado pelo Armazém da Cultura (2015).
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