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Gordofobia e lesbofobia

 

Com o intuito de exaltar a beleza e romper os estereótipos em relação a mulheres gordas, a fotógrafa brasileira Mariana Godoy produziu um ensaio sensual, em 2015, chamado “Empoderarte-me”. Também obesa, Mariana Godoy cria o projeto como forma de protestar pelo preconceito da qual é acometida. Com a mesma proposta, as também fotógrafas brasileiras Alile Dara Onawale e Renata Martins criaram um ensaio com a jovem Jéssica Ipólito, do site Gorda e Sapatão, uma jovem negra, lésbica, com “curvas, dobrinhas e cores que contam histórias” permeadas de preconceito.

As discussões sobre obesidade e má alimentação são válidas, mas as questões estéticas de padrão de beleza se sobressaem, enquadrando um grande contingente de mulheres acima do peso em quadros de distúrbios emocionais terríveis.

Um termo surge dentro de coletivos e grupos de mulheres que problematizam o assunto: gordofobia. Segundo Mily Costa, integrante do Coletivo Gordas Livres, o termo se refere ao medo irracional de se tornar gordo e vem da lipofobia, que é uma aversão patológica à gordura. Entre os atos cometidos por quem é gordofóbico estão a opressão, a inferiorização, a repulsa e o sentimento de raiva.

Pedro Assed, endocrinologista e pesquisador do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares, em entrevista à revista Glamour afirma que “a busca pela forma física perfeita e de padrões corporais extremamente rígidos pela sociedade atinge em cheio portadores de obesidade, subjugando-os à categoria de fracassados ou de indivíduos de moral duvidosa”, diz.

E quando a mulher, além de ser gorda, é negra e pertencente a grupos LGBT?

No site Gorda e Sapatão, de Jéssica Ipólito, são apresentados conteúdos marcados pela militância destas mulheres que vivem à margem da sociedade brasileira.

Faz-se necessário discutir o espaço destas pessoas e como elas são representadas. Em um texto publicado em abril deste ano chamado “A visibilidade que nos faz tão vulneráveis, é também a fonte de nossa maior fortaleza”, Jéssica fala do lançamento do documentário “Eu sou a próxima” produzido pelo Coletiva Luana Barbosa, que retrata a execução da negra, obesa e lésbica Luana Barbosa por policiais militares da cidade paulista de Ribeirão Preto.  O filme registra agressões e mortes de lésbicas sobretudo as negras, motivadas por racismo e lesbofobia. O documentário “reflete um canhão de luz sob nossas vidas que são continuamente escamoteadas pelos movimentos sociais da esquerda… Que ainda acha que pode falar de classe sem falar de raça, que continua achando que LGBT é só um conjunto de letrinhas à parte. As práticas heterossexuais e racistas seguem vigentes, nos impondo um cala-boca a cada debate”, relata Jéssica.

Para esclarecer, Lesbofobia (ou lesbifobia) são formas de negatividade em relação às mulheres lésbicas como indivíduos, como um casal ou como um grupo social. E esta negatividade está envolta a preconceitodiscriminação e abuso, somados a atitudes e sentimentos variando de desdém a hostilidade.

 

‘’Gênero pode ser lido em todos os corpos, mas alguns corpos são mais sofridos e mais marcados por violência e exclusão do que outros.  Demandas feministas por equidade sempre partiram dessa premissa. Que os corpos marcados por violência e exclusão sejam aqueles a ocupar espaços exigindo justiça…’’ – Joanna Burigo

 

Biografia:

https://catracalivre.com.br/geral/comportamento/indicacao/fotografa-brasileira-faz-ensaio-sensual-com-mulheres-gordas-como-forma-de-empoderamento/

http://gordaesapatao.com.br/visibilidade-nossa-maior-fortaleza/

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/judith-butler-corpo-politica-e-linguagem

https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/fotos-exaltam-a-beleza-de-mulher-negra-lesbica-e-gorda/

http://revistaglamour.globo.com/Lifestyle/noticia/2017/04/gordofobia-entenda-esse-preconceito-e-como-ele-pode-ser-combatido.html

Imagem: Divulgação/ Coletiva Luana Barbosa

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