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COVID-19 e os impactos sobre o setor de eventos

A suspensão de eventos públicos e que ocasionam aglomerações – shows, espetáculos teatrais, sessões de cinema, visitas a museus e outras atividades em espaços culturais, estão entre as principais medidas tomadas no último mês pelas autoridades brasileiras, a fim de combater o novo coronavírus (COVID-19).

A Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) informou que 51,9% dos eventos programados para 2020 já foram cancelados, adiados ou suspensos (sem previsão de data) e o prejuízo pode chegar a R$ 290 milhões, considerando apenas os associados à Abrape. O segmento reage criando formas alternativas de exibição da programação cultural, como as edições online e disponibilização de bancos de dados pela internet, mas o impacto econômico para as organizações é muito alto.

Mesmo iniciativas que recebem contribuições de terceiros, como o teatro que, no Brasil, depende de leis de incentivos e patrocínios, precisam cobrir uma parcela de suas despesas com vendas de ingressos, além de gerar renda indireta para outros setores como transporte, alimentação e comunicação. A Fundação Getúlio Vargas estima que apenas a cadeia teatral, com seus inúmeros trabalhadores envolvidos direta e indiretamente, fez circular, em 2018, cerca de 1 bilhão de reais na economia da cidade de São Paulo.

A sazonalidade dos fluxos também deve ser levada em consideração. Para muitos museus e teatros esse é um período para o turismo escolar: escolas fechadas, visitas e apresentações canceladas. E quando as aulas retornarem, é improvável que as visitas sejam remarcadas para esse ano.

No universo da música, a repercussão é imediata. A pesquisa “COVID-19 – Impacto no Mercado da Música no Brasil“, realizada pelo instituto DATA SIM, entre 17 e 23 de março, aponta, entre os principais impactos, o cancelamento ou adiamento de 8.141 eventos, com mais de 8 milhões de pessoas afetadas diretamente e prejuízo estimado em mais de R$ 480 milhões. Em muitos casos, as receitas perdidas se traduzem em vendas perdidas, não em vendas adiadas, pois a data em uma turnê de um cantor, por exemplo, dificilmente será recuperada. Em entrevista ao ODC, em março deste ano, a diretora de pesquisa do Data SIM, Dani Ribas, deu um panorama da participação feminina no mercado de trabalho da música nacional, a partir dos resultados da pesquisa “Mulheres na Indústria da Música no Brasil: obstáculos, oportunidades e perspectivas”, realizada pelo núcleo de pesquisa, entre março e setembro de 2019, e apontou as dificuldades enfrentadas pelas profissionais da área.

Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), a cultura, somada a outras áreas da indústria criativa, corresponde a 2,64% do PIB brasileiro. Na segunda quinzena de março, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, anunciou que destinaria R$ 103 milhões para o setor cultural. Entre as ações estava o festival “Janelas de São Paulo” que previa shows de artistas em janelas e sacadas, inspirado nas manifestações artísticas italianas. No entanto, dias depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu, temporariamente, o edital Janelas de São Paulo – o valor destinado seria R$ 10 milhões.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o corte de 50% nas verbas destinadas ao Sistema S, por três meses, pode provocar o fechamento de 265 unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Social (Senac) e causar a demissão de 10 mil funcionários.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2018, o setor cultural abrangia a mão de obra de 5,2 milhões de pessoas, representando 5,7% dos ocupados do país. Contudo, esses profissionais, em grande parte, trabalham de forma autônoma, sem garantias trabalhistas legais. No dia 1o de abril, o Senado aprovou a extensão do auxílio de R$ 600 mensais a autônomos e informais para mais 30 categorias, e estarão entre os beneficiados os trabalhadores das artes e cultura, entre eles, os autores e artistas, de qualquer área, setor ou linguagem artística, incluindo intérpretes e executantes, e os técnicos em espetáculos de diversões.

As reivindicações do setor cultural junto ao governo brasileiro correspondem à tomada de medidas efetivas, no sentido de ampliar a proteção social aos profissionais e instituições da área que sofrem as consequências da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Como afirmou a ministra da cultura da Alemanha, Monika Grütters, sobre a importância da assistência financeira ao setor, no enfrentamento emergencial da crise sanitária, econômica e social, “a cultura não é apenas um luxo que se entrega durante os bons tempos”.

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